Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso
Em 1517 d.C, o sultão otomano Selim I (1512-1520), conhecido como Selim, o Severo, conquistou o Egito, derrotando as forças mamelucas em Ar Raydaniyah, nas vizinhanças do Cairo. As origens do império otomano retrocedem às tribos turcas que cruzaram as fronteiras da Arábia, no começo do século X. Essas tribos turcas se estabeleceram em Bagdá e na Anatólia, mas foram destruídas pelos mongóis, no século XIII.
Na esteira da invasão mongol, insignificantes dinastias turcas, chamadas de emirados, estavam se formando na Anatólia. O líder de uma dessas dinastias era Osman (1280d.C-1324d.C), o fundador do Império Otomano, um dos maiores e mais duradouros na história mundial. Por volta do século XIV, os otomanos já tinham um império substancial na Europa Oriental. Em 1453 d.C, eles conquistaram Constantinopla, a capital bizantina, que se tornou a capital otomana, e que depois tomou o nome de Istambul. Entre 1512 d.C e 1520d.C, os otomanos anexaram ao império, as províncias árabes, inclusive o Egito.
No Egito, o vitorioso Selim I deixou um de seus mais fiéis colaboradores, Khair Bey, como o governante de lá. Bey governou como um vassalo e não como um governador provincial. Ele deixou sua corte na Cidadela, a antiga residência dos governantes do Egito. Embora Selim I tivesse suprimido o sultanato mameluco, nem ele, nem seus sucessores, conseguiram extinguir o poder mameluco e a sua influência no Egito.
Somente no primeiro século do governo otomano é que o governador do Egito foi capaz de executar suas tarefas sem a interferência dos beys (*) mamelucos. Durante as últimas décadas do século XVI e início do século XVII, uma série de revoltas promovidas por vários elementos das tropas de guarnição começaram a acontecer. Durante esses anos, havia, também, como que um renascimento dentro da estrutura militar mameluca. Em meados do século XVII, a supremacia política passou para os beys. Conforme o historiador Daniel Crecelius escreveu, daquele ponto em diante, a história do Egito otomano pode ser explicada como uma luta entre otomanos e mamelucos pelo controle da administração e, por consequência, das receitas do Estado, e a competição entre as casas mamelucas rivais pelo controle do poder. Esta luta afetou a história egípcia até o século XVIII, quando um bey mameluco ganhou um controle sem precedentes sobre as estruturas militar e política do país, expulsando o governador otomano.
(*) bey - cargo mais
elevado na administração mameluca.