Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

OS MARWANIDAS

Com a morte de Yazid, assumiu seu filho Muawiah II, que morreu  pouco tempo depois. Havia uma grande agitação no califado. Abdullah ibn al-Zubair tinha se proclamado Califa do Islam. Na Síria havia choques entre as tribos árabes, pois muitas delas apoiavam os hashemitas e, portanto, eram contra os omíadas. Zubair indicou Dhahak ibn Qais como governador da Palestina. Em Damasco, Marwan tinha assumido o califado, em substituição a Muawiah II. Ele mandou um exército contra Dhahak e o derrotou próximo a Damasco. Um outro exército foi mandado para o Iraque, pois também lá havia grande insafistação. Os iraquianos tinham encontrado um líder na pessoa de Suleiman, mas as forças de Marwan foram vencedoras.

Marwan também não viveu muito tempo. Quando ele assumiu o califado tinha mais de 70 anos e as responsabilidades do cargo o consumiram.  Dois anos mais tarde viria a morrer, mas antes tomou uma decisão que foi de fundamental importância para o Islam: nomeou seu filho Abdul Malik como califa. Abdul Malik foi um grande governante e chegou a ser conhecido como o "Pai dos Reis" , porque quatro de seus filhos exerceram o califado. A partir de então, a história dos omíadas pode ser chamada de a história dos marwanidas.

Abdul Malik era um homem competente e grande administrador.   Logo ele deteve todo o controle do califado contando, para isso, com a ajuda de governantes e comandantes especialmente escolhidos por  ele.  Entre os escolhidos estavam Musa ibn Nusayr, a quem ele fez comandante dos exércitos do ocidente e vice-rei da Ifriquia. O outro foi al-Hajjaj ibn Yusuf, que recebeu o comando dos exércitos do oriente e o governo do Iraque. 

Abdul Malik foi o primeiro califa muçulmano a imprimir moedas com inscrições em árabe e tornou a língua árabe a língua oficial da corte e da administração. Organizou o serviço postal e regulamentou a arrecadação de impostos. Os muçulmanos pagavam o zakat e estavam isentos do pagamento de outras taxas, o que fez com que muitos aceitassem o Islam. Estes novos convertidos chegavam à cidade e entravam para o exército como Mawali (libertos). Havia uma certa perda na arrecadação mas que se compensava com o aumento dos espólios de guerra. Abdul Malik também construiu a grande mesquita de Al-Aqsa, que permanece até os dias atuais como um exemplo da arquitetura islâmica.

A Queda de Meca

Al-Hajjaj ibn Yusuf era um professor. Desde cedo, seu caráter e espírito de liderança foram percebidos e foi-lhe dado um posto de comando. Ele desempenhou tão bem suas tarefas que foi escolhido para conquistar Hijaz e o Iraque. Al-Hajjaj decidiu criar raízes, começando por Meca. Sua reputação se espalhou e ficou conhecido entre a população como um homem muito duro e determinado. O cerco a Meca ficou famoso porque ele tratou  a cidade como se não houvesse nada sagrado nela. Usou todas as armas de guerra contra os muros sagrados sem dó nem piedade mas a população de Meca reagiu com coragem e heroísmo.  Abdullah ibn al-Zubair foi um exemplo de coragem e lutou até o fim, mas sua coragem não prevaleceu sobre o comandante omíada.   Foi ferido no campo de batalha e teve sua cabeça cortada e mandada para Damasco.

Al Hajjaj também foi vitorioso no Iraque.  Uma vez que Kufa era o centro dos problemas, ele decidiu atacar a cidade. Juntamente com alguns soldados disfarçados de cameleiros, partiram para a grande mesquita de Kufa, numa sexta-feira, na hora das preces. Ele entrou na mesquita e tirando o disfarce se identificou como o novo governador de Kufa. Ninguém ousou dizer uma palavra e aqueles que eram suspeitos de ser contrários aos omíadas ele mandou matar. Mais tarde, os historiadores o definiram como um monstro sanguinário. Mas, ele foi um administrador eficiente, cavou canais, proveu a cidade de irrigação em grande escala e melhorou o cotidiano dos iraquianos, transformando a província em uma das mais ricas do califado.

FONTE:

"A Short History of Islam" - S.F. Mahmud