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Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

 

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EXPEDIÇÃO A NAKHLA

 

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A Arábia na época do Profeta

Medina estava situada no ponto de intercessão das caravanas que saíam de Meca em direção à Síria. Provavelmente, o primeiro ataque muçulmano aconteceu em janeiro de 623, sob a liderança de Hamza, um tio do profeta. Ele se fazia acompanhar de 30 soldados e o objetivo era tomar uma caravana comandada por Abu Jahal.  Hamza alcançou a caravana perto de Wadi al Ais, mas o chefe da tribo local, Juhaina, mediou as duas partes, que se separaram sem luta.

No mês seguinte, uma expedição muçulmana interceptou um grupo comandado por Abu Sufian ibn Harb, perto de Rabigh. Mais uma vez os dois lados não se enfrentaram, embora Saad ibn Abi Waqqas, um convertido de primeira hora, tenha atirado uma saraivada de flechas contra os coraixitas.

Em junho, Mohammad partiu para a sua primeira campanha, na esperança de tomar uma caravana coraixita, mas ninguém foi encontrado. O grupo, no entanto, encontrou a tribo de Beni Kinana e o Profeta preferiu estabelecer negociações, firmando um tratado de amizade com ela, ao invés de lutar. Na verdade, Mohammad não tinha interesse em lutas. O que o caracterizava era a sua personalidade conciliadora, que ele entendia ser muito mais útil para o Islam do que  a espada.   No período de junho a outubro daquele ano,  sucederam-se mais duas ou três incursões, à procura de caravanas coraixitas, sem um resultado efetivo.

O fracasso dessas primeiras expedições pode ser explicado, em parte, pela hesitação instintiva de ambas as partes em se envolverem em lutas fratricidas, na medida em que todos eram  coraixitas. Os ansars de Medina não participaram dessas primeiras incursões.

Estava claro para os muçulmanos que qualquer plano para derrotar os coraixitas, através da interceptação de suas caravanas, só poderia ser eficaz se contasse com a colaboração das tribos beduínas. O sistema pelo qual cada tribo concordava em proteger as caravanas que passavam por seus territórios mostrava-se muito eficiente. Os muçulmanos não poderiam atacar as caravanas, a menos que contassem com a simpatia das tribos. Por esta razão, o acordo de Mohammad com a tribo Dhamra foi um marco nos futuros enfrentamentos entre muçulmanos e coraixitas.

Em setembro de 623, Mohammad saiu com 150 homens para interceptar, em Dhi al Ushaira, uma caravana coraixita que se dirigia para Damasco. Eles perderam a caravana mas, de novo, Mohammad se aproveitou da ocasião para firmar um o tratado com a tribo Mudlij.

Além da falta de experiência em combates, os muçulmanos eram incapazes de ocultar seus planos. Quando se reuniam para uma expedição, todos sabiam. Parece que Mohammad percebeu isto e na incursão seguinte ele lacrou suas ordens. Em novembro de 623,um grupo de oito muçulmanos saiu sob a chefia de Abdullah ibn Jahash, que recebeu de Mohammad uma carta com a orientação de que só fosse aberta após dois dias de viagem. Quando ele abriu a carta, encontrou uma ordem para seguir para Nakhla, pela estrada Taif-Meca e  atacar as caravanas coraixitas. Quando surgiram as complicações, foi dito que a ordem era para apenas observar as caravanas, mas parece sem sentido supor tanto trabalho e perigo para simplesmente observar a passagem de caravanas.   Antes dos ataques se transformarem em emboscada, uma pequena caravana de Meca, vinda deTaif para Meca e carregada com mercadorias de Taif passou pelo caminho. O pequeno comboio era escoltado por 4 homens. Era o último dia do Rajab, um dos meses sagrados de trégua entre os árabes, durante os quais o combate era considerado um ato impiedoso. Não obstante, após uma breve consulta, os muçulmanos atacaram. Um dos homens da caravana, Abdulla ibn al Hadhrami, foi morto, dois foram feitos prisioneiros e o quarto fugiu. A caravana foi trazida para Medina a título de saque.

Os árabes ficaram surpresos com o desrespeito ao mês sagrado por parte dos muçulmanos, uma observância que os idólatras achavam ser uma obrigação religiosa. É verdade que a observância dos quatro meses sagrados estava ligada a práticas idólatras dos árabes mas, na guerras constantes da Arábia, os meses sagrados também representavam um grande alívio e uma proteção valiosa para o comércio.  A infringência ao mês sagrado, portanto, foi um choque considerável tanto para muçulmanos como para o resto da população. Assim, houve uma espécie de clamor em Medina quando Abdulla ibn Jahash voltou com seu saque.

É impossível saber se Mohammad levou em consideração este fato ao ordenar a expedição a Nakhla. Sabe-se que ele, a princípio, recusou-se a aceitar sua parte oficial de 1/5 do saque. Um outro aspecto curioso desse caso foi que as ordens lacradas de Mohammad  incluíam a previsão de que  aquele que não quisesse prosseguir, deveria ter a permissão de retornar a Medina. Seria isso uma saída para aqueles que alegassem motivos religiosos para não prosseguir na expedição?

A captura da caravana e a morte de Abdulla ibn al Hadhrami agravou mais ainda as relações entre Meca e os muçulmanos e logo resultou em um estado de guerra permanente.

 

FONTE:

"The Life and Times of Muhammad" - Sir John Glubb - Madison Books, N.York.

 

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