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Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

 

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OS QAJARS

 

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Com a morte de Karim Khan, na Pérsia, mais uma  luta de poder  eclodiu entre  os zands, qajars e outros grupos tribais, levando o país à desordem e ao caos. Nessa época, Agha Mohammad Qajar tinha derrotado o último governante zand em Kerman, em 1794, e se tornado senhor do país, começando a dinastia qajar, que iria durar até 1925.   Sob os governos de Fath Ali (1797-1834), Mohammad Shah (1834-1848) e Naser ad-Din Shah (1848-1896), o país encontrou um certo grau de ordem, estabilidade e unidade. Os qajars reviveram o conceito do xá como a sombra de Deus na terra, e exerciam o poder absoluto sobre seus súditos. Indicavam os príncipes para os governos provinciais e, no curso do século XIX, aumentaram seu poder em relação ao dos chefes tribais, que forneciam contingentes para o exército do xá. Sob os qajars, os mercadores e os ulama, ou líderes religiosos, continuaram membros importantes da comunidade. Uma grande burocracia servia aos funcionários do estado e na segunda metade do século XIX, novos cargos públicos foram criados. Os qajars, no entanto, não conseguiram remodelar seus exércitos nos moldes do exército europeu, com treinamento regular, organização e uniformes.

No início do século XIX, os qajars começaram a enfrentar a pressão de dois grandes poderes mundiais: Rússia e Inglaterra. O interesse inglês baseava-se na necessidade de proteger a rota comercial para a Índia, enquanto que o dos russos provinha do desejo de se expandir em território iraniano, desde o norte. Em duas guerras desastrosas com a Rússia, que terminaram com o Tratado de Gulistan (1812) e o Tratado do Turkmanchay (1828), o Irã perdeu todos seus territórios no norte do Cáusaso, no rio Aras. Então, na segunda metade do século, a Rússia forçou os qajars a abandonarem todas as pretensões territoriais na Ásia Central.  Enquanto isso, a Inglaterra por duas vezes, desembarcou suas tropas no Irã, para impedir os qajars de reivindicarem Herat, perdida depois da queda dos Safávidas. Com o Tratado de Paris, de 1985, o Irã entregou à Inglaterra Herat e os territórios que hoje compõem o Afeganistão.

Os dois grandes poderes mundiais também chegaram para dominar o comércio do Irã e interferir nos assuntos internos iranianos. Eles possuíam superioridade militar e tecnológica e tiraram vantagem dos problemas internos do país. A autoridade central iraniana estava enfraquecida, as receitas do estado eram insuficientes para manter a corte, a burocracia e o exército,  a classe dominante estava dividida e o povo era explorado por seus governantes.

Quando Naser ad-Din ascendeu ao trono em 1848, seu primeiro-ministro, Mirza Taqi Khan Amir Kabir, tentou fortalecer a administração, reformando o sistema de taxação, afirmando o controle central sobre a burocracia e os governadores provinciais, estimulando o comércio e a indústria e reduzindo a influência do clero islâmico e dos poderes estrangeiros. Fundou uma nova escola, a Dar ol Fonun, para educar os membros da elite nas ciências e nas línguas estrangeiras. O poder que ele concentrou em suas mãos, no entanto, geraram ciúmes dentro da burocracia e medo no rei. Ele foi demitido e condenado à morte em 1851, um destino semelhante aos poderosos primeiros-ministros que o antecederam.

Em 1855, oficiais como Malkam Khan começaram a sugerir em ensaios que a fraqueza do governo e sua inabilidade para impedir a interferência estrangeira deviam-se ao fato de ele não ter conseguido aprender as artes de governar com os estados avançados da Europa. Em 1871, com o estímulo de seu novo primeiro-ministro, Mirza Hosain Khan Moshir od Dowleh, o xá criou um gabinete no estilo europeu com responsabilidades administrativas,  e um conselho consultivo composto de príncipes e oficiais. Viajou à Rússia e à Inglaterra e a concessão para a construção da estrada de ferro e para outros projetos econômicos foi dada a Briton, do Barão Julius de Reuter. A oposição das facções burocráticas hostis ao primeiro-ministro, e dos líderes religiosos que temiam a influência estrangeira, no entanto, forçaram o xá a demitir o primeiro ministro e a cancelar a concessão. Contudo, a exigência interna por reformas crescia lentamente. Além do mais, a Inglaterra, a quem o xá havia pedido proteção contra a invasão russa, continuava a pressionar o xá, para empreender reformas e abrir o país para o comércio  e às empresas estrangeiros, como uma forma de fortalecer o país. Em 1888, o xá, atendendo a esse conselho, abriu o rio Karun para a navegação estrangeira e deu a Reuter a permissão para abrir o primeiro banco no país. Em 1890, ele deu a uma outra companhia inglesa o monopólio sobre o comércio do tabaco no país. A concessão do tabaco foi obtida através de suborno de oficiais e levantou uma considerável oposição entre a classe religiosa, os comerciantes e o povo, de um modo geral. Quando um religioso famoso, Mirza Hasan Shirazi baixou uma fatwa proibindo o uso do tabaco, a interdição foi respeitada por todos e o xá teve que, mais uma vez, cancelar a concessão, com um custo considerável ao já debilitado tesouro.

Os últimos anos do reinado do xá  Naser ad Din caracterizaram-se pelo crescimento da corrupção na burocracia e na corte, e pela opressão da população rural. A máquina estatal de arrecadação estava falida e a desordem tornou-se endêmica nas províncias. Novos idéias e uma exigência por reformas também começaram a se espalhar pelo reino. Em 1896, um jovem iraniano assassinou o xá, ao que tudo indica, estimulado por Jamal ad Din al Afghani, o conhecido pregador muçulmano e ativista político.

 

 

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