Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
MOHAMMAD, O PROFETA DE DEUS
UMA BREVE
BIOGRAFIA
O Nascimento do Profeta
Mohammad nasceu, em 569 d.C. Seu pai, 'Abdullah havia morrido algumas semanas antes de seu nascimento e foi seu avô quem cuidou dele. De acordo com os costumes, ele foi confiado à uma ama-de-leite beduína, com quem passou muitos anos no deserto. Aos seis anos ele perde sua mãe, quando voltava de uma viagem de Medina. Aos oito anos, morre seu avô e seu tio, Abu Talib, passa a cuidar dele. Apesar de ser um homem generoso por natureza, Abu Talib era muito pobre e mal conseguia sustentar sua família. Assim, Mohammad teve que começar a trabalhar cedo para ganhar seu sustento.
Aos vinte e cinco anos, era conhecido na cidade por sua integridade e honestidade de seu caráter. Uma viúva rica, Khadija, contratou seus serviços para vender suas mercadorias na Síria. Fascinada com o lucro incomum obtido e também encantada pelo caráter de Mohammad, ela lhe propôs casamento.
Quando Mohammad estava com 35 anos, os coraixitas começaram a reconstruir a Caaba. Era um prédio baixo de pedras brancas, medindo cerca de 6,30 m de altura. Também não tinha teto, o que dava fácil acesso de ladrões aos seus tesouros. Por outro lado, o desgaste do tempo havia enfraquecido e rachado suas paredes. Algum tempo antes, tinha havido uma grande enchente em Meca, que quase demoliu a Caaba. As paredes foram demolidas até ser encontrada a base feita por Abraão. Quando começaram a levantar as novas paredes, o trabalho foi dividido entre as tribos. Cada uma foi responsável pela reconstrução de uma parte. Foram trazidas as pedras e o trabalho começou em completa harmonia, até a hora de se colocar a Pedra Negra no lugar adequado. Os desentendimentos começaram entre os líderes e durou 4 ou 5 dias, cada um deles querendo a honra de colocar a pedra em sua posição. Felizmente, o mais velho dentre os chefes, fez uma proposta que foi aceita pelos outros. Ele disse: "Aquele que entrar no templo em primeiro lugar decidirá o local correto". E Mohammad foi o primeiro a entrar na mesquita. Ao vê-lo, todos clamaram a uma só voz: "Al Ameen (o confiável) chegou. Ficaremos felizes em cumprir o que ele decidir." E Mohammad aceitou o encargo e usou de um expediente para conciliar a todos. Ele pediu um manto, que foi esticado sobre o chão, e a pedra foi colocada no centro. Em seguida, pediu aos representantes dos diversos clãs para que todos juntos levantassem o manto com a pedra. Quando chegou no local apropriado, Mohammad a colocou em um dos ângulos do prédio e todos ficaram satisfeitos. E, dessa maneira, uma situação tensa foi facilmente resolvida com sabedoria por Mohammad.
Revelação e missão
A partir desse momento, Mohammad se torna mais e mais absorto em meditações espirituais. Da mesma forma que seu avô, ele costumava se retirar durante todo o mês de Ramadã na caverna de Hira. Lá, ele orava, meditava e dividia suas magras provisões com os viajantes que passavam por ali.
Ele estava com quarenta anos e há cinco anos vinha fazendo seus retiros anuais, quando uma noite, ao final do mês do Ramadã, um anjo veio visitá-lo e anunciou que Deus o havia escolhido como Seu mensageiro para toda a humanidade. O anjo lhe ensinou o modo das abluções, a forma de adoração a Deus e a conduta nas orações. E lhe comunicou a seguinte mensagem:
"Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. Lê, em nome do teu Senhor Que criou; Criou o homem de algo que se agarra. Lê, que o teu Senhor é Generosíssimo, Que ensinou através do cálamo, Ensinou ao homem o que este não sabia." (Alcorão 96:1-5)
Transtornado com o ocorrido, ele voltou para casa e contou à esposa o que havia acontecido, temendo que pudesse ser alguma coisa diabólica ou a ação de espíritos malévolos. Ela o consolou, dizendo que ele sempre fora um homem generoso, caridoso, ajudava os pobres, órfãos, as viúvas e necessitados e garantiu-lhe que Deus o protegeria de todo o mal contra ele.
Então, veio uma pausa nas revelações, que durou mais de três anos. A notícia da primeira visão havia se espalhado e com a interrupção das mensagens, os céticos da cidade começaram a escarnecer dele. Chegaram a ponto de dizer que Deus o havia abandonado.
Durante os três anos de espera, o Profeta se dedicou mais e mais às preces e práticas espirituais. As revelações, então, recomeçaram e Deus lhe assegurou que Ele não o tinha abandonado em absoluto, pelo contrário, era Ele Quem o tinha guiado no caminho correto: portanto, ele deveria cuidar dos órfãos e destituídos e proclamar a generosidade de Deus sobre ele (Alcorão 93:3-11). Esta era, na verdade, uma ordem para iniciar a pregação. Uma outra revelação o orientou a advertir as pessoas contra as práticas erradas, a exortá-los para a adorar somente ao Deus Único e a abandonar tudo o que pudesse desagradar a Deus (Alcorão 74:2-7). Contudo, uma outra revelação ordenou que ele advertisse seus próprios parentes mais próximos (Alcorão 26:214) e: "Proclama, pois, o que te tem sido ordenado e afasta-te dos idólatras. Porque somos-te Suficiente contra os escarnecedores." (Alcorão 15:94-5). De acordo com Ibn Ishaq, a primeira revelação chegou ao Profeta durante seu sono, evidentemente para reduzir o choque. Mais tarde, as revelações chegavam em estado de total consciência.
Mohammad começou a pregar sua missão secretamente, primeiro entre os amigos mais íntimos e depois entre os membros de sua própria tribo e, mais tarde, publicamente na cidade e vizinhanças. Ele insistia na crença de Um Deus Transcendente, na Ressurreição e no Dia do Julgamento. Ele convidou os homens a praticarem a caridade e a benemerência, cuidou para preservar, através da escrita, as revelações que recebia e orientou seus adeptos a decorarem os versículos. E assim foi durante toda a sua vida, tendo em vista que o Alcorão levou 23 anos para ser revelado.
O número de adeptos foi aumentando gradualmente, mas, com a denúncia de
paganismo, a oposição também cresceu por parte daqueles que estavam firmemente presos
às crenças dos ancestrais. Esta oposição acabou se transformando em tortura física de
Mohammad e daqueles que haviam abraçado a religião. Eles eram estirados
sobre a areia escaldante, queimados com ferro incandescente e amarrados com correntes nos
pés. Alguns deles morreram sob os efeitos da tortura mas ninguém renunciava à
religião. Em desespero, Mohammad aconselhou seus companheiros a abandonarem a cidade e
buscarem refúgio na Abissínia, "onde reina um governante justo, em cujos
domínios ninguém é oprimido" (Ibn Hisham). Dezenas de muçulmanos, então,
migraram para a Abissínia. Essas fugas secretas levaram a mais perseguições aos que permaneceram em Meca.
Boicote Social
Quando um grande número de muçulmanos já havia emigrado para a Abissínia, os líderes de Meca enviaram um ultimato à tribo de Mohammad, exigindo que ele fosse excomungado, proscrito e enviado a eles para ser condenado à morte. Todos os membros da tribo, muçulmanos e não muçulmanos, rejeitaram o pedido (conforme Ibn Hisham). Por causa disso, a cidade decidiu impor um boicote total à tribo. Ninguém podia falar com eles ou ter relações comerciais e/ou matrimoniais com eles. O grupo das tribos árabes, chamado Ahabish, que morava nas vizinhanças aderiu ao boicote, provocando completa miséria entre as vítimas inocentes, entre crianças, mulheres, idosos, doentes e fracos. Alguns deles não resistiram e morreram mas ninguém entregava Mohammad a seus perseguidores. Um tio do Profeta, Abu Lahab, abandonou a tribo e participou do boicote se juntando aos pagãos. Após três terríveis anos, durante os quais as vítimas eram obrigadas a devorar até couro esmagado, quatro ou cinco não muçulmanos, mais humanos do que o resto e pertencentes a diferentes clãs, proclamaram publicamente sua condenação ao boicote injusto. O boicote foi levantado, contudo, devido às privações, a esposa, Khadijah, e Abu Talib, o chefe da tribo e tio de Mohammad, morreram logo em seguida.