Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

OS JOVENS TURCOS

Em 1872, o vizir Ali Pasha preparou um esquema para a reorganização do império otomano, onde, entre outras coisas, havia a promessa de autonomia aos povos balcânicos, mas eles sonhavam com a independência completa e não concordaram. Além do mais, a Rússia não queria que a Turquia fizesse qualquer esquema que incluísse os Balcãs como uma parte do território otomano. Enquanto isso, os programas de melhoria e de reconstrução nacional, que demandaram grandes quantias de dinheiro tomadas emprestadas do ocidente, deixaram o país altamente endividado.

Um colapso financeiro estava prestes a acontecer quando Midhat Pasha, conhecido por sua atuação na Bulgária e no Iraque, chegou ao poder. Ele idealizou um Estado Nacional, com direitos para todos, uma constituição e um aparelho estatal democrático. O sultão-califa opôs-se a Midhat. No entanto, Midhat Pasha, juntamente com seus aliados, conseguiu depor o sultão. Com a chegada ao trono do sultão Abdul Hamid II, Midhat foi aceito como líder do Partido da Reforma. Em  dezembro de 1876, a nova constituição foi promulgada e estabelecia: a) a indivisibilidade do império turco; b) liberdade individual; c) liberdade de consciência, de imprensa e de educação; d) igualdade na taxação de impostos; e e) uma forma de governo parlamentar. No entanto, o novo sultão, que acreditava em sua supremacia, prorrogou o parlamento e demitiu Midhat Pasha, provocando a reação de todos: dos turcos progressistas, dos povos balcânicos e do ocidente.

Em 1914, as rivalidades européias chegaram ao limite e o Império Otomano era o ponto que mais chamava a atenção, por causa da sua importância para os interesses que estavam em jogo. Ainda que as causas da I Guerra Mundial estivessem nas desavenças entre austríacos e russos, por causa dos Balcãs, quando os otomanos entraram na guerra ao lado dos alemães e dos austríacos, contra a Inglaterra, França e Rússia, seu próprio território transformou-se num campo de batalha.  O Império perdeu suas províncias árabes e ficou confinado à Anatólia e a uma pequena parte da Europa. O sultão ficou sob o controle das esquadras e de representantes dos aliados em sua capital, e foi compelido a assinar um tratado de paz desfavorável, o  Tratado de Sèvres, que impunha uma tutela estrangeira sobre seu governo, o que possibilitou a futura ascensão ao poder de Mustafa Kemal.

Uma vez que o sultão estava surdo à voz dos novos tempos, os turcos da Anatólia organizaram-se  em     um movimento que tomou o nome de Jovens Turcos. A maior parte desses turcos tinha sido educada na Europa e tinha ideias liberais. Nem todos se encontravam na Turquia, na verdade, muitos deles tinham sido banidos por causa de suas opiniões avançadas. Mas os contatos foram feitos e esses homens se juntaram em apoio às idéias do ídolo político, Midhat Pasha. Mais uma vez o sultão, que estava completamente cego em relação ao que estava acontecendo no mundo fora da Turquia, baniu o movimento e começou a perseguir seus integrantes. O movimento entrou para a clandestinidade mas seu trabalho continuou. Mesmo banidos, seus membros mantinham contato entre si. Passaram a se encontrar em Paris e estabeleceram um plano de ação.  Eles perceberam que a Europa, especialmente Rússia e Inglaterra, estava inclinada a acabar com o império otomano. Em 1908, organizaram um comitê sob a liderança de Niazi Bey.   O movimento foi ressurgir 20 anos mais tarde e foi fundamental na abolição do sultanato e na criação da república turca.

FONTE:

"A Short Histoy of Islam" - S.F.Mahmud