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Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

 

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O segundo Califa, 'Omar - 634 d.C a 644 d.C

 

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"Deus colocou a verdade na boca e no coração de Omar." (Hadice)

 

Omar Ibn al-Khattab foi escolhido sucessor de Abu Bakr após uma reunião dele com os mais proeminentes da comunidade. Omar era de uma família coraixita respeitada. Sabia ler e escrever, manejava bem a espada, tinha o dom da oratória  e sabia lutar. Tinha uma personalidade dinâmica, era franco e direto. Jamais escondia o que lhe ia à mente, ainda que isso pudesse desagradar as pessoas.

No início da missão do Profeta, as idéias pregadas por Mohammad o enfureciam da mesma forma que a outros notáveis de Meca e não aceitava que as pessoas se convertessem ao Islam. Quando sua escrava se converteu ele lhe bateu até ficar exausto e lhe disse "eu parei de bater porque estou cansado e não por pena de você." A história de sua conversão é interessante. Certo dia, cheio de raiva contra o Profeta, ele pegou sua espada e saiu para matá-lo. Um amigo o encontrou pelo caminho. Quando Omar lhe disse o que estava planejando fazer, seu amigo lhe disse que a própria irmã dele e o marido, haviam aceitado o Islam. Omar partiu direto para a casa de sua irmã e a encontrou lendo páginas do Alcorão e lhe bateu sem dó nem piedade. Ferida e sangrando, ela disse ao irmão "Omar, você pode fazer o que quiser mas não pode afastar nossos corações do Islam." Essas palavras produziram um efeito estranho em Omar. Que fé era aquela que fazia com que mulheres fracas ficassem tão fortes? Ele pediu a sua irmã que lhe mostrasse o que estava lendo e imediatamente se rendeu às palavras do Alcorão. Ele se dirigiu à casa onde o profeta estava e jurou fidelidade a ele.

Omar não fez segredo de sua aceitação do Islam. Reuniu-se aos muçulmanos e rezou na Caaba. Essa coragem e devoção de um cidadão influente de Meca levantou o moral da pequena comunidade de muçulmanos. Mas, também Omar passou por privações e quando a permissão para migrar para Medina chegou ele deixou a cidade. A firmeza de seus julgamentos, sua devoção ao Profeta , sua ousadia e correção angariaram para ele a confiança que o Profeta apenas tinha  dado ao companheiro Abu Bakr. O Profeta lhe deu o título de "Faruq", aquele que separa a verdade da falsidade. Durante o califado de Abu Bakr, Omar foi seu mais próximo ajudante e conselheiro. Quando Abu Bakr morreu, todos em Medina lhe juraram obediência e ele foi proclamado Califa.

O Califado de Omar

Após tomar posse, Omar falou aos muçulmanos de Medina:

"Ó povo de Medina, vocês têm direitos sobre mim que deverão sempre ser reivindicados. Um desses direitos é o de que quem vier até mim para pedir deve sair satisfeito. Um outro direito é que vocês devem exigir que eu não use injustamente as receitas do estado. Também podem exigir que ... eu fortaleça suas fronteiras e não os coloque em perigo. Também é seu direito que, ao saírem para lutar, eu cuide de suas famílias como um pai faria na sua ausência. Ó povo de Medina, permaneçam conscientes de Deus, perdoem minhas faltas e ajudem-me em minha tarefa. Orientem-me no bem e proíbam-me o mal. Aconselhem-me em relação às obrigações que Deus me impôs..."

A característica mas notável do califado de Omar foi a grande expansão do Islam. Além da Arábia, também o Egito, o Iraque, a Palestina e o Irã ficaram sobre a proteção do governo islâmico. Mas a grandeza de Omar está na qualidade de seu governo. Ele deu um sentido prático às injunções alcorânicas.

"Ó fiéis, sede firmes em observardes a justiça, atuando de testemunhas, por amor a Deus, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra vossos parentes, seja o acusado rico ou pobre, porque a Deus incumbe protegê-los." (4:135)

Certa vez, uma mulher apresentou uma queixa contra Omar. Quando ele apareceu no julgamento perante o juiz, este se levantou em sinal de respeito por ele. Omar o repreendeu dizendo: "Este é o primeiro ato de injustiça que você fez com esta mulher!"

Ele insistia em que os governadores indicados por ele deviam viver uma vida simples e ser acessíveis àqueles que os procurassem e que ele próprio era o exemplo para eles. Muitas vezes enviados e mensageiros mandados por outros dignitários o encontraram descansando debaixo de uma palmeira ou rezando na mesquita entre o povo, e era difícil distinguir entre todos quem era o Califa. Muitas noites ele passava acordado percorrendo as ruas de Medina, para ver se alguém estava precisando de alguma coisa. O aspecto geral do ponto de vista social e moral da sociedade muçulmana daquela época está ilustrado nas palavras de um egípcio, que havia sido enviado para espionar os muçulmanos, durante a campanha egípcia. Ele contou:

"Vi um povo, todos amam mais a morte do que a vida. Cultivam a humildade mais do que o orgulho. Ninguém tem ambição material. Seu modo de viver é simples. Seu líder é igual a eles. Não fazem distinção entre o superior e o inferior, entre o senhor e o escravo. Quando chega a hora da oração, ninguém fica para trás ..."

Omar deu ao seu governo uma estrutura administrativa. Criou os departamentos do tesouro, do exército e  das receitas públicas. Estabeleceu salários regulares para os soldados. Fez um censo da população. Fez pesquisas no sentido de estipular taxas equitativas. Novas cidades foram fundadas. As áreas que ficaram sob o domínio muçulmano ele as dividiu em províncias e indicou os governadores. Novas estradas foram abertas e alojamentos  foram construídos. Foram criados fundos públicos para amparar os pobres e necessitados. Ele definiu, de fato e pelo exemplo, os direitos dos não muçulmanos. A seguir, mostramos um exemplo de um contrato com os cristãos de Jerusalém:

"Esta é uma proteção que o servo de Deus, Omar, o governante dos crentes, concede às pessoas de Eiliya (Jerusalém). A proteção é para suas vidas e bens, suas igrejas e cruzes, suas doenças e saúde, e alcança a todos os seus correligionários. Suas igrejas não devem ser usadas como habitação e nem devem ser demolidas, nem qualquer ataque a elas ou a seus componentes ou às suas cruzes e nem suas propriedades serão feitos de qualquer forma. Não há compulsão em matéria religiosa para essas pessoas e nem devem sofrer qualquer injúria por conta da religião. O que está escrito aqui está de acordo com as ordens de Deus e a responsabilidade de Seu Mensageiro, dos califas e dos crentes e será melhor, na medida em que paguem o Jizya (imposto devido para a defesa de não muçulmanos) imposta a eles."

Os não muçulmanos que lutaram juntamente com os muçulmanos, foram isentados do pagamento do Jizya e quando os muçulmanos se retiravam da cidade em que cidadãos não muçulmanos tinham pago aquela taxa para sua defesa, o valor da taxa era devolvido. O velho, o pobre, o deficiente, muçulmano ou não, eram igualmente amparados pelos recursos do tesouro e dos fundos do Zakat.

A morte de Omar

No ano de 23, depois da Hégira, quando Omar retornava da peregrinação  a Medina, ele levantou as mãos e orou:

"Ó Deus! Estou entrado nos anos, meus ossos estão gastos, minhas forças  declinantes e o povo por quem sou responsável se espalhou e foi longe. Chama-me de volta a Ti, meu Senhor!"

Algum tempo mais tarde, quando Omar foi para a mesquita para dirigir a oração, Abu Lulu Feroze, que tinha ressentimentos contra  ele,  atacou-o dando-lhe diversas punhaladas. Omar cambaleou e caiu ao chão. Quando ele percebeu que o assassino era um magianita ele disse "Graças Senhor, por ele não ser um muçulmano."

Omar morreu na primeira semana do mês de  Muharram, 24 anos depois da Hégira e foi enterrado ao lado do Profeta Mohammad.

 

Fontes

"A Idade Média - Proeminência das civilizações orientais" - Edouard Perroy

"A Short History of Islam" - S.F.Mahmud

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