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Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

 

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O ISLAM NA ESPANHA

 

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Na época em que 'Abdul Rahman alcançou a Espanha, os árabes do norte da África já estavam estabelecidos na península ibérica e começaram a escrever um dos mais importantes capítulos da história islâmica.

Depois que seu avanço em direção à França foi interrompido por Charles Martel (Batalha de Tours), os muçulmanos da Espanha voltaram sua atenção para a região da Andaluzia, no sul da Espanha, e construíram lá uma civilização em muito superior a qualquer coisa conhecida anteriormente. Reinando com sabedoria e justiça, trataram cristãos e judeus com tolerância, e por causa disso, muitos se converteram ao Islam. Também melhoraram o comércio e a agricultura, patrocinaram as artes, deram importante contribuição para a ciência e estabeleceram em Córdoba a mais sofisticada cidade europeia.

Durante o século X, Córdoba podia orgulhar-se de ter uma população de cerca de 500.000 habitantes. De acordo com relatos da época, a cidade possuía 700 mesquitas, perto de 60.000 palácios e 70 bibliotecas, uma delas comprovadamente abrigando cerca de 500.000 manuscritos e uma equipe de pesquisadores e encadernadores. Córdoba também tinha 900 casas de banho, foi a primeira cidade européia a ter as ruas iluminadas. Madinat al-Zahra, a residência do califa, era um complexo de mármore, estuque, marfim e ônix e levou 40 anos para ser construída e custou um terço das receitas de Córdoba e foi, até ser destruída no século XI, uma das maravilhas da época. Sua restauração começou no início do século XX e ainda não está pronta.

 

Interior da grande mesquita de Córdoba

 

No século XI, no entanto, um pequeno bolsão de resistência cristã começou a crescer e sob a liderança de Alfonso VI, os exércitos cristãos retomaram Toledo. É o período que os cristãos denominaram como a Reconquista e realçou um grave problema que empanou este período cheio de graça, refinado e encantador: a inabilidade de vários governantes da Espanha islâmica para manter a sua unidade. Isto os enfraqueceu, justamente quando os vários reis cristãos começaram a ameaçar mais seriamente, e os governantes muçulmanos tiveram que pedir ajuda aos almorávidas, uma dinastia bérbere do norte da África. Os almorávidas chegaram e reprimiram a revolta cristã, mas acabaram por tomar o poder para eles. Em 1147, os almorávidas foram, por sua vez, derrotados por uma outra coalisão de tribos bérberes, os almoádas. Embora esses conflitos não fossem incomuns, eles acabaram por desviar a energia dos muçulmanos, numa fase em que os cristãos estavam começando a negociar fortes alianças, a formar exércitos poderosos e a iniciar as campanhas que mais tarde terminariam com o domínio árabe.

Os árabes não se renderam facilmente; a Andaluzia era a terra deles também. Mas, pouco a pouco,  tiveram que se retirar, primeiro do norte , e depois da parte central da Espanha. No século XIII, o que tinha sido um extenso domínio, onde eles tinham reinado e progredido por cerca de 200 anos,  estava reduzido a uns poucos reinos dispersos nas montanhas da Andaluzia

É curioso e ao mesmo tempo comovente, que foi então, nos dois últimos séculos de seu reinado que os árabes tenham criado o reino pelo qual são mais conhecidos: Granada. A Alhambra começou a ser construída em 1238 por Mohammad ibn al-Ahmar, que se ofereceu como vassalo do rei Fernando de Aragão, por ocasião do cerco a Granada, em troca da paz para o seu povo.

 

Pátio dos Arrayanes, que reflete a grandeza de Alhambra.

 

Era necessário mudar, mas também difícil, principalmente quando Fernando pediu-lhe que implementasse o tratado, fornecendo tropas para ajudar os cristãos contra os muçulmanos no cerco a Sevilha, em 1248. Fiel a sua promessa, Ibn al-Ahmar a cumpriu e Sevilha rendeu-se aos cristãos. Mas, voltando a Granada, onde a multidão o aplaudiu como vencedor, ele revelou sua confusão numa breve e triste resposta que mandou inscrever repetidas vezes nas paredes da Alhambra: "Não há vencedor senão Deus."

Com o passar do tempo, o que havia começado como uma fortaleza, pouco a pouco transformou-se numa série notável de prédios delicados,   pátios tranquilos, límpidos lagos e jardins ocultos. Mais tarde, depois da morte de Ibn al-Ahmar, Granada foi reconstruída e tornou-se, conforme um visitante árabe escreveu, "um vaso cheio de esmeraldas".

Enquanto isso, fora de Granada, os reis cristãos esperaram. Numa sucessão inexorável de vitórias, eles retomaram Toledo, Córdoba e Sevilha. Somente Granada sobreviveu. Então, em 1482, numa disputa tola, o reino muçulmano dividiu-se em duas facções hostis e, simultaneamente, dois fortes soberanos cristãos, Fernando e Isabela, casaram-se e uniram seus reinos. Como resultado, Granada se renderia dez anos mais tarde. Em janeiro de 1492 - o ano em que os reis enviaram Colombo à América, Fernando e Isabela içaram a bandeira da Espanha cristã sobre a Alhambra e Bobadilla, o último soberano muçulmano, fugiu para o exílio, levando uma amarga mensagem de sua mãe idosa "chorando como uma mulher pela cidade que não soube defender como um homem!"

 

Torre mourisca se eleva sobre o rio Guadalquivir, em Sevilha.

Ao descrever o destino do Islam na Espanha, Irving sugeriu que os muçulmanos foram rápida e meticulosamente eliminados. Jamais, disse ele, uma aniquilação foi tão completa. Na verdade, com   a emigração para o norte da África, muitos muçulmanos levaram os restos da era hispânica com eles e foram, assim, capazes de contribuir grandemente para a vida cultural e material das terras escolhidas.

No entanto, essa emigração chegou tarde. Em primeiro lugar, muitos muçulmanos simplesmente permaneceram na Espanha, cortaram os vínculos com suas raízes e, em razão do tempo e da distância, na verdade não tinham outro lugar para ir. Além disso, até à Inquisição, as condições de vida na Espanha não eram tão insuportáveis. Os cristãos permitiram que os muçulmanos trabalhassem, servissem ao exército, tivessem suas terras e até que praticassem a sua religião. Mas veio o período da Inquisição e todos os direitos dos muçulmanos foram retirados e a vida deles tornou-se muito difícil, obrigando-os a emigrar. Finalmente, no início do século XVII, a maior parte dos que tinham ficado foram expulsos à força.
 

FONTE:

http://islam.org/Mosque/ihame/Sec5.htm

 

 

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