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Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

 

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O PERÍODO SAFÁVIDA (1501-1722)

 

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O império otomano foi, de longe, o mais poderoso império do mundo islâmico no século XV, mas, em 1501, na Pérsia, e em 1526, na Índia, os otomanos tiveram rivais. Um deles, foi o império safávida, na Pérsia, fundado por Ismail, em 1501, e durou até ser destruído pelos invasores  afegãos, em 1722. Foi o mais curto dos três  grandes  impérios islâmicos da Idade Moderna e, apesar disso, muito importante, principalmente por causa da adoção do xiísmo como religião oficial. A formação do império safávida se distingue dos impérios otomano e mogol, por causa de sua feição religiosa, mais do que militar. Enquanto o império otomano cresceu em razão das conquistas territoriais dos guerreiros gazi nos séculos XIII e XIV, o império safávida começou como uma pacífica ordem religiosa sufi, para assumir características política e militar mais tarde.

Em meados do século XV, os safávidas adotaram o xiísmo como religião e seu movimento alcançou grande repercussão. Em 1501, sob a liderança de Ismail, os safávidas tomaram o poder em Tabriz, que se tornou a sua capital, e ele foi proclamado xá do Irã. A ascensão dos safávidas marcou o ressurgimento, no Irã, de uma poderosa autoridade central, dentro das fronteiras conquistadas pelos antigos impérios iranianos. Os safávidas declararam o xiísmo a religião de estado e iniciaram um amplo processo de conversão da grande maioria dos muçulmanos iranianos. No início do império safávida, o Irã foi uma teocracia, na qual estado e religião estavam intimamente interligados.

Reivindicando ser o Imam Oculto, Ismail  expandiu o controle safávida para além do Irã, alcançando a Mesopotâmia (Iraque), o Azerbaijão e a região do Cáucaso, ao sul da Rússia. Em 1499, com a idade de 12 anos, Ismail chefiou seu exército numa guerra de conquista. Em 1500, ele conquistou o reino de Shirvan e em 1501, com a idade de 14 anos, era coroado rei de Tabriz, e o xiísmo era declarado a religião de estado. Em 1512, ele controlava todo o Irã e adotou os modelos de governo e burocracia persas. Declarou-se Xá do Irã e tornou-se o primeiro xá da dinastia safávida. Ele baseou sua autoridade política na alegação de que era descendente do Sétimo Imam e de ser o representante do Imam Oculto.  No século XIX, este título foi transferido para o ulama xiita, e, não obstante tratar-se de uma heresia, explica a posição que os ulama ocupam no Irã dos dias atuais.

Os seguidores de Ismail adoravam-no como o guia  perfeito  (murshid-kamil).   Ele  combinava  em  sua pessoa os poderes temporal e espiritual. Os safávidas enfrentaram problemas de integração entre os seguidores turcos e  iranianos e também desafios externos, provenientes dos usbeques e dos otomanos.

Os usbeques eram um elemento instável ao longo da fronteira nordeste do Irã,  invadiram o Corassã e bloquearam o avanço dos safávidas em direção à Transoxiânia. Os safávidas receberam um golpe que se mostrou fatal, em 1524, quando o sultão otomano, Selim I, derrotou o exército safávida em Chaldiran e ocupou a capital Tabriz.  Ainda que ele tenha sido forçado a se retirar, por causa do rigor do inverno e da política de terra arrazada do Irã, e embora os governantes safávidas continuassem a defender uma liderança espiritual, a derrota destruiu o mito da divindade do xá e enfraqueceu o domínio safávida entre os chefes qizilbash, ou "cabeças vermelhas", guerreiros turcos tradicionalmente nômades, com quem compartilhavam o território que, hoje, corresponde ao Irã.   Em 1533, o sultão otomano, Suleiman, ocupou Bagdá, ampliando a influência otomana até ao sul do Iraque. Com exceção de um breve período (1624 -1638), quando o governo safávida foi restaurado,   o Iraque se manteve sob domínio dos otomanos, que continuaram a desafiar os safávidas pelo controle do Azerbaijão e do Cáucaso, até o Tratado de Qasr-e-Shirin, em 1639, estabelecer as fronteiras, tanto do Iraque como do Cáucaso, que permaneceram praticamente as mesmas até o século XX.

O Sufismo

As origens dos safávidas são meio controvertidas. Segundo alguns historiadores e exegetas religiosos, a ordem sufi, da qual se originaram, sob a liderança do Sheikh Safi al-Din - de quem o nome da ordem, provavelmente, tenha-se derivado - praticava o Islam sunita. Este grupo argumenta que o Sheikh era sunita e que os xiitas safávidas, no século XVI, alteraram documentos e criaram origens xiitas para ele, com o fim de legitimar o governo. Outros estudiosos acreditam que, na verdade,   o Sheikh era xiita desde o início, daí a adesão oficial do império safávida ao xiísmo. Independentemente de suas origens, o Sheikh Safi (1252 - 1334) foi uma figura importante no II Império Khan dos mongóis, estabelecido na Pérsia no século XIII, e sua influência continuou através de seus descendentes, que herdaram a liderança da ordem.

Xá Ismail I - 1501 - 1526

O começo do império safávida, tanto no sentido político como no religioso, data de 1501 d.C, quando Ismail I assumiu a liderança da ordem e se proclamou xá, ou rei. Ismail era descendente do Sheikh Safi, e tinha um amplo apoio por parte da ordem safávida. Quando criança, Ismail foi educado por um xiita e talvez isto tenha influenciado sua decisão de proclamar o xiísmo a crença oficial do império safávida. Antes disso, no entanto, Ismail se engajou em inúmeros conflitos para consolidar o seu governo e ampliar as fronteiras safávidas. Em seus esforços expansionistas, Ismail teve o apoio dos qizilbash. Tinham esse nome por causa do chapéu vermelho que usavam como símbolo de sua crença xiíta. Esses seguidores de Ismail apoiaram-no em seus propósitos de controlar a Pérsia, cedendo seu exército nas batalhas travadas com a confederação Aq-Qoyunhu, que vinha governando ininterruptamente, desde o colapso dos timuridas. Em 1501, finalmente, Ismail derrotou-os  e proclamou Tabriz, no noroeste da Pérsia, a capital safávida. Depois dessa vitória, Ismail se proclamou governante do império islâmico, e continuou a exigir terras para aquele império. Em 1507, começou atacando terras otomanas, a leste da Ásia Menor, criando o antagonismo com os otomanos e que iria fazer com que um conflito futuro entre os dois estados fosse inevitável. Em 1508, ele tomou Bagdá e depois se voltou  contra os uzbeques, na Ásia Central, que ameaçavam suas fronteiras orientais.

Além da ameaça uzbeque à leste, os safávidas também enfrentavam um inimigo na região noroeste, os otomanos. Com sua capital situada em Tabriz, os safávidas tinham boas razões para temer  a ameaça otomana. Da perspectiva otomana, no entanto, eram os safávidas que representavam o perigo. Independentemente de qual fosse o ponto de vista,  os dois lados estavam convencidos de que o conflito era inevitável. Para agravar, a região oriental da Ásia Menor, ainda que controlada pelos otomanos, era habitada, em sua maioria, pelos qizilbash, que eram leais aos safávidas. A perseguição otomana contra os qizilbash em seu território, foi um outro fator no conflito com os safávidas. As tensões atingiram seu ponto alto em 1514, e os dois exércitos de enfrentaram em Chaldiran, na região leste da Ásia Menor. Na batalha que se seguiu, a cavalaria safávida foi completamente dizimada pela artilharia otomana.

A Batalha de Chaldiran

Ismail entrou em conflito com os otomanos. Na batalha de Chaldiran, em 1514, Ismail foi derrotado por Selim I. A partir daí, safávidas e otomanos passaram a se guerrear por cerca de duzentos anos. Os otomanos, pouco a pouco, foram conquistando territórios safávidas. O sucessor de Ismail,  Tahmasp I, também perdeu  grande parte de seus domínios para o sultão otomano, Suleyman I. Os otomanos, no entanto, jamais conseguiram depor os safávidas.

Além das inúmeras incursões militares de Ismail, ele também iniciou uma política religiosa, que viria influenciar o futuro do Irã, com repercussões até aos dias atuais. Essa política declarada de o xiísmo ser a religião oficial do império, e o fato de que o moderno Irã permanece, oficialmente, um estado xiita, são o resultado direto das ações de Ismail. Alguns historiadores sugerem que Ismail teria estabelecido esta política, só para distinguir seu império do de seus vizinhos sunitas, os otomanos e os uzbeques. Considerando, no entanto, o empenho dedicado à conversão entre seus súditos, o mais provável é que ele tenha sido um devoto e que acreditava, por motivos religiosos,   e não políticos, que seu império abraçaria sua fé. Infelizmente para Ismail, a maior parte de seus súditos era sunita, o que determinou uma imposição, pela força, do credo xiita, com a condenação à morte para aqueles que se opusessem a ele. Sob esta pressão, os súditos safávidas, ou se convertiam, ou mentiam que se tinham   convertidos. É impossível determinar, exatamente, quantos realmente se converteram, porque toda a população se declarava convertida, com medo das consequências. Por outro lado, podemos afirmar que, provavelmente, ao final do período safávida, no século XVIII, a maioria da população era xiita. Atualmente, a maior parte dos iranianos é xiita, embora um percentual pequeno de sunitas viva no país.

O caos do império - 1527 - 1587

O xá Ismail morreu em 1524 e foi sucedido por seu filho Tahmasp I, que tinha apenas 10 anos. A pouca idade do novo xá desencadeou uma luta entre as muitas facções qizilbash por posições no governo, que os levariam a ter grande influência no império. Nos primeiros 10 anos de seu reinado, Tahmasp lutou para controlar os qizilbash, para manter os uzbeques longe de Corassã e os otomanos longe de Tabriz. Em 1533, em um ataque-surpresa, enquanto o exército safávida encontrava-se no leste lutando contra os uzbeques, os otomanos tomaram Bagdá, que permaneceu em suas mãos por, aproximadamente, 100 anos. Após vinte anos de invasões sucessivas, foi assinado, em 1555, o Tratado de Amasya, que manteve a paz entre eles pelos próximos 25 anos.

Durante os 52 anos que durou o reinado de Tahmasp, o estado safávida foi se transformando, gradualmente, de um estado teocrático, imposto por Ismail, em uma administração mais secular. O xá era cada vez mais visto como um monarca, do ponto de vista político, ao invés de religioso, como líder da ordem sufi safávida. Ainda sob a liderança de Tahmasp, os safávidas também começaram operações militares numa nova região, as montanhas do Cáucaso, no norte da Pérsia, e efetuaram muitos ataques contra os cristãos da Armênia e da Geórgia. Milhares de prisioneiros foram trazidos para a Pérsia, promovendo a miscigenação étnica num império que era basicamente povoado por persas e turcos.

Tahmasp é descrito como "um homem mesquinho, traiçoeiro e melancólico". As poucos voltou-se para uma vida de reclusão e não mais deixou seu palácio.  Seu filho, Ismail "", tinha sido aprisionado durante os últimos vinte anos do reinado de seu pai.

Tahmasp foi sucedido por seu filho, Ismail II, em 1576, cuja brutalidade levou alguns historiadores a afirmar que ele era louco. Ele tentou trazer de volta o império ao sunismo, por razões não muito claras, executou muitos membros de sua família e seguidores,  e foi assassinado após um ano de reinado. O governante seguinte, Mohammad I, era quase cego e foi deposto, em 1587, por seu filho de 16 anos, Abbas.

Abbas I, 1587-1629

O estado safávida alcançou seu apogeu durante o reinado do xá Abbas (1587 - 1629), também conhecido como Abbas, o Grande.  Sua tarefa, no começo de seu reinado, foi reerguer o enfraquecido império safávida, que se encontrava numa   situação de colapso iminente, desde a morte de Tahmasp, em 1576. As revoltas dos qizilbash estavam paralisando as tropas, e os otomanos e uzbeques tiravam vantagem do  fato de terem ocupado Tabriz e Herat, respectivamente, assim como muitos territórios em torno daquelas cidades. O respeito e a lealdade ao xá também se deterioraram durante os reinados de Ismail II e Mohammad, e Abbas, assim, tinha uma árdua tarefa pela frente, no sentido de reafirmar seu poder no mundo islâmico. Em primeiro lugar, ele voltou sua atenção para as questões militares, num esforço de reconquistar as terras perdidas. A fim de concentrar seus recursos na guerra contra os uzbeques, Abbas concluiu um tratado de paz humilhante com os otomanos, em 1590. Depois de uma longa guerra na região leste, o khan uzbeque morreu em 1598 e, em decorrência do caos que se seguiu, os safávidas conseguiram reconquistar Herat  e estabilizar a fronteira oriental. Abbas, em seguida, voltou-se contra os otomanos e retomou Tabriz, em 1605. Em 1623, ele retomou Bagdá, após um século de governo otomano, e quando morreu, em 1629, o império safávida tinha retornado às suas primeiras fronteiras, conforme estabelecidas por Ismail I.

Promoveu sucessivas campanhas contra os otomanos, restabeleceu o controle iraniano sobre o Iraque, a Geórgia e partes do Cáucaso. Contrabalançou o poder dos qizilbash, criando um exército composto de escravos da Geórgia e da Armênia, que eram leais à pessoa do xá. Ampliou as terras da coroa e as províncias passaram a ser administradas pelo estado. Ele realocou as tribos para enfraquecer o poder dos chefes qizilbash fortaleceu a burocracia e centralizou a administração. Apoiou as instituições religiosas e construiu mesquitas e seminários religiosos.  Seu reinado, no entanto, testemunho uma separação gradual das instituições religiosas do estado e um movimento crescente no sentido de uma hierarquia religiosa independente.

Além de sua política de reorganização do estado e de seu apoio às instituições religiosas, xá Abbas promoveu o comércio e as artes. Os portugueses haviam ocupado o Bahrein e Ormuz, na costa do golfo pérsico na tentativa de controlar o comércio na região, mas, em 1602, ele os expulsou do Bahrein e em 1623, com a ajuda dos britânicos, expulsou-os de Ormuz. Com o estabelecimento do monopólio sobre o comércio da sede, ele aumentou os ganhos do estado, e estimulou o comércio externo e interno, protegendo as estradas e acolhendo os comerciantes ingleses, alemães e iranianos. É dessa época a produção de finas sedas, brocados, tapetes, porcelana e objetos de metal. Transferiu a capital para Isfahan, adornou-a com belas mesquitas, palácios, escolas, pontes e bazares. Patrocinou as artes e a caligrafia, as miniaturas, pintura e a agricultura, durante seu período, foram  especialmente  notáveis.

Vaso em cerâmica - século IX - período abássida

O  império começou a  declinar após  a sua morte.  O declínio resultou de governos fracos, do ressurgimento das rivalidades qizilbash, da má administração das terras do estado, da excessiva taxação, do declínio do comércio e do enfraquecimento da organização militar safávida. Mas uma vez, as fronteiras orientais começaram a se abrir e, em 1722, um pequeno grupo de afegãos alcançou uma série de vi´torias fáceis, antes de entrarem e tomarem a capital, terminando, assim, o período safávida. A supremacia afegã foi breve. Tahmasp Quli, um líder da tribo afshar, nômades turcomanos, logo expulsou os afegãos em nome de um membro sobrevivente da família safávida. Em 1736, ele assumiu o poder em seu próprio nome, tomando o nome de Nader Shah. Tirou os otomanos da Geórgia e Armênia, e os russos da costa iraniana, no mar Cáspio e restabeleceu a soberania iraniana sobre o Afganistão. Promoveu divrsas campanhas na India e 1739 saqueou Delhi, trazendo para casa tesouros fabulosos. Embora Nader tivesse conseguido uma unidade política, suas campnhas militares e a taxação exorbitante acabaram por arruinar um país já devastado e despovoado em razão de guerras e desordens e em 1747, ele foi assassinado por membros de sua própria tribo.

Abbas I também concluiu um novo acordo com os poderes estrangeiros, referente ao comércio. Quando de sua ascenção ao trono, os portugueses tinha estabelecido bases nas ilhas de Ormuz e Bahrein, no golfo pérsico, que desviavam o comércio tradicional feito por terra, através da Pérsia para as rotas marítimas do oceano Índico, controladas por eles, portugueses. Embora os ingleses, ocasionalmente explorassem as rotas persas e russas, para evitar o território otomano, a economia persa enfraqueceu-se pela perda maior do comércio. Com a criação, em 1660, da Companhia das Índias Orientais, pelos ingleses, as rotas comerciais tradicionais dos safávidas ganharam nova importância. A Companhia havia quebrado o monopólio comercial português, e, em 1616, assinou um acordo com os safávidas, pelo qual o tecido inglês seria trocado pela seda persa. Em 1622, os ingleses ajudaram Abbas a retomar Ormuz dos portugueses, uma vez que sem uma armada, ele não teria sido capaz de reprimir a ameaça que eles representavam para a costa sul. Assim, as relações comerciais introduziram os safávidas na Europa, ou como simples intermediários no comércio com a Índia, ou como aliados contra o Império Otomano.

Internamente, Abbas também implementou uma série de políticas. O mais importante de tudo era encontrar um meio de reprimir as constantes revoltas dos qizilbash. Para isso, criou um exército pago pelo estado, que seria composto dos prisioneiros do Cáucaso, para evitar que dependesse exclusivamente do apoio militar dos qizilbash, em cada campanha safávida. O novo exército poderia sufocar possíveis rebeliões qizilbash, quando necessárias, e era leal somente ao xá. A fim de pagar as novas tropas, Abbas aumentou as terras da coroa, tomando-as dos proprietários qizilbash. Esta ação não só trouxe ganhos financeiros para o tesouro para pagar o novo exército mas também tirou poder dos qizilbash, o que era o objetivo principal. Esta reestruturação interna do império provocou uma mudança de poder, resultando numa centralização maior nas mãos do xá. Assim fazendo, Abbas principalmente assegurou a sobrevivência do império por um século depois de sua morte, porque, apesar da série de governantes fracos que se seguiram a ele, a administração central criada por ele, foi capaz de continuar funcionando.

Em 1598, Abbas mudou a capital safávida para Isfahan, que estava localizada no centro da Pérsia e por isso, menos vulnerável aos ataques. A cidade, que havia sido a capital seljúcida alguns séculos antes,  foi embelezada por Abbas, com a mais primorosa arquitetura persa, inclusive o Palácio Real, Ali Qapu, e a Mesquita Real, Masjid-i Shah. Durante seu reinado, Isfahan foi uma das maiores cidades do mundo.

 

Os impérios otomano e safávida, em 1600 d.C.



O reinado do xá Abbas, o Grande, representou o ponto alto do império safávida. Ele foi um governante forte, que transformou o império, que se encontrava à beira de um colapso, em  um dos três grandes impérios islâmicos. Introduziu os safávidas no comércio e diplomacia europeus e reestruturou o exército para reprimir as revoltas dos qizilbash.

Porém, Abbas era um governante inseguro, que temia que sua ascensão ao trono - pela deposição de seu pai - pudesse ser repetida por um de seus filhos, contra ele. Por esta razão, ele matou seu filho mais velho e, também acabou com a prática de dar governos provinciais a príncipes safávidas, o que era uma prática costumeira, para preparar os herdeiros quando fossem chamados a governar. Abbas  temia que isso pudesse fortalecer os príncipes e, assim, determinou que eles permanecessem no harém, para serem educados pelas mulheres e os eunucos. A consequência disto foi uma geração de príncipes mal preparados, sem qualquer experiência de governo,   o que veio contribuir para o declínio do império.

Após a sua morte, seguiu-se um período de anarquia e luta pela supremacia entre as tribos afshar, qajar, afegã e zand. Finalmente, Karim Khan Zand (1750-1759) conseguiu derrotar seus rivais e unificar o país, com exceção de Corassã.

O império safávida teve vida curta, principalmente quando comparado com a longa duração do império otomano. Mas, durante sua breve existência, e particularmente durante o primeiro século, o império safávida se estabeleceu como uma das grandes dinastias islâmicas. Talvez mais importante entre todas as conquistas, foi a conversão generalizada dos persas ao xiísmo e o desenvolvimento do nacionalismo persa, que permanece até os dias de hoje no Irã.


 

 

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