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AS VIAGENS DE IBN BATUTA

 

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"Ibn Batuta (1307d.C - 1377d.C) foi o equivalente árabe de Marco Polo. Fez a  volta do mundo e tem muito o que dizer sobre o que viu. Em seu livro "Travels in Asia and Africa", ele não só traça um retrato fiel de si mesmo, com as suas virtudes e fraquezas, como evoca toda uma época. É impossível não sentir uma atração pelo personagem que se revela, generoso em excesso, intrépido, amigo do prazer, mas controlado por uma profunda veia de piedade e devoção, um homem com todas as características de um pecador, mas com alguma coisa de santo."

Sobre a Escravidão - página 30

...Havia, por consequência, um estigma menor vinculado à escravidão, e em nenhuma outra sociedade existiu qualquer coisa semelhante ao sistema no qual, conforme mostrado na seção precedente,  escravos brancos chegaram a compor os quadros privilegiados de onde os mais altos oficiais de estado, comandantes, governadores, e até sultões, eram recrutados.

A história a seguir, contada por um teólogo do século III, retrata, sem muita distorção, a relação, como inúmeros paralelos na literatura árabe indicam, que muitas vezes existia entre o senhor, a esposa e o escravo.

Vi um escravo sendo leiloado por 30 dinares e, como ele valia 300, eu o comprei. Naquela época eu estava construindo uma casa e dei a ele 20 dinars para gastar com os operários. Ele gastou 10 dinares e com o resto ele comprou uma roupa para ele. Eu lhe disse: "O que significa isto?", ao que ele respondeu "não se apresse, nenhum cavalheiro repreende seus escravos." Eu pensei comigo mesmo "Eis que comprei o professor do califa sem o saber." Mais tarde, eu quis me casar com uma mulher sem que minha prima (isto é, minha primeira esposa) soubesse e assim lhe pedi segredo e lhe dei 1 dinar para comprar algumas coisas, inclusive um pouco do peixe chamado haziba. Mas, ele comprou outra coisa qualquer e quando eu o admoestei ele me disse "Acho que Hipócrates desaprova o
haziba". Eu lhe disse "seu maluco imprestável, não sabia que tinha comprado um Galeno" e lhe dei 10 chicotadas. Mas, ele me pegou e me deu 7 chicotadas de volta, dizendo "Senhor, 3 chicotadas são suficientes e as 7 que lhe apliquei são a minha desforra legítima." Então,  fiz-lhe um corte na cabeça e então ele foi correndo até minha prima e lhe disse "a sinceridade é uma obrigação religiosa e quem quer que nos engane não é um dos nossos. Meu senhor se casou e me fez jurar silêncio e quando lhe disse que minha senhora precisava saber disso ele quebrou a minha cabeça." Assim, minha prima nunca mais me deixou entrar em sua casa ou ter qualquer coisa fora dela, até que, por fim eu divorciei da outra mulher. Depois disso, ela costuma chamar o rapaz de "o honesto" e não posso dizer uma palavra a ele. Portanto, disse a mim mesmo que "vou dar-lhe a liberdade e assim terei paz."

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Este texto é parte do Internet Medieval Source Book. O Sourcebook é uma coleção de domínio público e é permitida a transcrição de textos relacionados à história medieval e bizantina.

Paul Halsall Feb 1996

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