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Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

 

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OS FATIMIDAS

 

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Os muçulmanos mais aguerridos foram os fatimidas, uma dinastia ismailita que governou a Tunísia e a Sicília, a partir  de 909 d.C. Em 967 d.C, eles entraram no norte da África, conquistaram o Egito e construíram o Cairo para servir como sua capital permanente. Continuando em direção leste, em 972, acrescentaram Hijaz e Israel aos seus domínios. Com todo o norte da África sob o domínio fatimida, a Arábia dividida entre qarmatianos e zaididas, os buayidas no Iraque e no Irã, os alauítas na Síria e outros grupos xiitas no Paquistão, a maior parte do mundo muçulmano estava sob o domínio xiíta.

A ofensiva fatimida sobre o litoral sul do Mediterrâneo coincidiu com a ofensiva cristã no litoral nordeste. O imperador bizantino Nicephorus II, para barrar os ataques dos hamdanidas de Síria, iniciou a 13ª Guerra Muçulmano-Bizantina (960-976). O início das campanhas foi um sucesso: em 965, ele reconquistou a Cilícia, enquanto expedições navais tomaram Creta e Chipre. Em seguida, avançou para a Síria, ocupando a Antióquia e Alepo, em 969. Os hamdanidas pediram paz mas o imperador foi assassinado antes que pudesse responder e seu sucessor, um armênio de nome John Tzimisces, continuou até ocupar Damasco, em 974. Agora, seu inimigo principal  não eram mais os hamdanidas e sim os fatimidas, que conseguiram barrá-lo quando alcançou os muros de Jerusalém em 976. A morte de John Tzimisces, no mesmo ano, terminou a luta, deixando uma Síria dividida entre os bizantinos e califado fatimida.

Em 978, no Cáucaso, os abasgianos, tentando fazer surgir um patriotismo entre os georgianos,  rebatizaram seu reino com o nome de Geórgia. A Armênia estava dividida em pequenos estados, atraindo dessa forma a intervenção de fora. Bizâncio se mudou para lá e anexou a maior estado armênio, Vaspurakan, em 1022. Nos anos seguintes, iria conquistar Edessa (1032) e o resto da Armênia (1045);  este foi o ponto alto do renascimento bizantino.

Al-Hakim, o sexto califa fatimida (996-1021), pode ter sido insano. Seu temperamento descontrolado o levou a executar um vizir após o outro, e a uma violenta perseguição de cristãos e judeus. Lutou contra Bizâncio, e perdeu, uma guerra que deixou intactas as fronteiras sírias (995-999). Em 1009, ele arrasou com a Igreja do Santo Sepulcro; em 1016, não contente em ser o agente de Deus sobre a terra, ele anunciou que era Deus encarnado. A religião só durou o tempo de sua existência, mas um missionário, de nome Mohammad ibn Ismail al-Darazi conseguiu introduzi-la com sucesso no Líbano; o nome Druzo, provavelmente originou-se dele.

Os drusos acreditavam que Deus tinha vindo à terra muitas vezes sob a forma humana, e que al-Hakim era a sua última encarnação. Da mesma forma que os muçulmanos, eles acreditavam em um único Deus, mas tinham adotado diversas crenças de outras religiões, incluindo a reencarnação. As sete regras básicas que eles seguiam eram: (1) honestidade ao lidar uns com os outros; (2) proteção mútua e assistência; (3) renúncia a outras religiões; (4) crença na divindade de al-Hakim; (5) satisfação com os trabalhos de Deus; (6) submissão à sua vontade; e (7) separação dos demônios e daqueles em erro. Eles se abstinham do vinho, cigarro e do linguajar obsceno; não rezavam nem jejuavam e somente uma elite, conhecida como'uggal (eleito) realizava os serviços religiosos. Precorriam grandes distâncias para manter secreto seus ensinamentos. Eram proibidas novas conversões porque o número de crentes verdadeiros tinha sido fixado desde a criação; somente os drusos que morriam poderiam renascer como drusos. Também protegiam seus ensinamentos, adotando práticas muçulmanas quando entre os muçulmanos, e cristãs quando entre os cristãos. Tinham Jesus como uma das encarnações de Deus. Atualmente, existem cerca de 250 mil drusos no mundo, a maior parte concentrada na área do monte Hermon, onde Síria, Líbano e Israel se encontram. 

A Entrada dos Turcos

Com a chegada do novo milênio, fatimidas e buayidas já não mais mostravam o mesmo vigor de antes. Um contraste impressionante foi a entrada dos turcos no cenário islâmico. Como os outros povos da Ásia Central, os turcos eram nômades, excelentes arqueiros que passavam sua vida nas costas de um cavalo. Às vezes serviam como mercenários nos exércitos muçulmanos, mas no século X, muitos deles ainda eram pagãos. No entanto, começaram a se deixar influenciar e, aqueles que procuravam por emprego, encontraram na aceitação do Islam e da civilização abássida as melhores garantias de sucesso futuro. Muitos turcos escolheram o ramo sunita do Islam, com resultados fantásticos. Isto significou que, no século X, o domínio xiíta sobre o Islam não seria duradouro.

Os primeiros turcos a fundar um estado foram os ghaznavidas, estabelecidos no Afeganistão. O mais temido dos ghaznavidas, Mahmud de Ghazna, destronou seu senhor samânida em 999,  e ocupou o trono vago. 

O súdito mais poderoso de Mahmud era uma tribo turca do Uzbequistão, os seljúcidas, criada alguns anos antes, por um líder de nome Seljuk. Por volta de 1025, Mahmud chamou Arslan, filho e herdeiro de Seljuk e lhe perguntou quantos homens armados ele possuía. Arslam tirou duas flechas de sua aljava e gabou-se de que ele poderia chamar 100.000 homens, mandando suas setas para o seu povo e duas vezes aquele número se mandasse seu arco. Alarmado, Mahmud pediu conselho aos seus ajudantes e eles sugeriram que amputasse os dedos de todos os homens seljúcidas, porque assim eles não poderiam usar o arco. Percebendo que era impraticável o conselho, Mahmud disse a Arslan que trouxesse 4.000 famílias para o Corassã (Turquemenistão), juntamente com seus pertences, onde ele poderia vigiá-los mais de perto.

Mas, isso foi um erro. Do Corassã os turcos seljúcidas começaram a atacar o Irã. Percebendo seu erro, Mahmud mandou prender Arslan, mas morreu antes que pudesse derrotar os intrusos (1030). O sucessor deMahmud, Masud, rejeitou um pedido de permissão para mudar o resto da tribo para o Turquemenistão. Os novos líderes dos seljúcidas, dois sobrinhos de Arslan, Chaghri-Beg e Tughril-Beg, assumiram a questão. Em 1035, reuniram seus aliados e marcharam, com10.000 cavaleiros, para  a região do Oxus. Uma vez chegando lá, eles devastaram o território, exatamente como tinham feito antes, mas, só que desta vez, eles tinham planejado ficar permanentemente,declarando aos habitantes que eles eram os campeões do Islam sunita. A dupla estratégia de empunhar a espada e o livro funcionou; o povo empobrecido e assustado, rapidamente declararou a sua submissão.

Usando táticas de atacar e recuar, os seljúcidas primeiro depuseram os ghaznavidas e, em seguida, os massacraram em três batalhas chaves, entre 1037 e 1040. Os dois irmãos seljúcidas dividiram o território: Chagri-Beg ficou com a Ásia Central e o Afeganistão, enquanto que Tughril-Beg voltou sua atenção para o ocidente. Entre 1040 e 1044, ele conquistou o norte e o centro do Irã, e em seguida anexou o Azerbaijão e começou a atacar os territórios bizantinos mais próximos (Armênia e Ásia Menor). Seu objetivo principal era, no entanto, Bagdá, e, depois de uma década no Cáucaso, ele sentiu que estava pronto para tomar a cidade dos califas. Em 1055, ele marchou para a capital; o último buayida, um general de nome Basasiri, fugiu e a população civil de Bagdá rapidamente se rendeu. Tughril-Beg foi ter com o califa abássida e o chamou de verdadeiro líder do Islam. O califa, por seu turno, conferiu a Tughril-Beg o título de sultão (uma palavra turca que significa imperador), mostrando que ele teria total autonomia sobre assuntos que não envolvessem questões religiosas. Eles selaram a nova relação com um casamento entre o califa e uma das sobrinhas do sultão. Embora os califas abássidas continuassem a reinar em Bagdá por mais dois séculos, na verdade, eram marionetes dos turcos. O mesmo pode ser dito sobre os fatimidas do Egito, que acabaram se rendendo à dominação de sua guarda turca, os mamelucos. Neste sentido, 1055 marca o fim da época em que o Islam foi governado por seus fundadores árabes. Nos anos seguintes, e por muito tempo, o mundo islâmico ficaria sob o domínio de outros povos, principalmente os turcos.

 

 

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