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Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

 

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Os tulinidas, ikhshididas, fatimidas e aiúbidas (868d.C-1260d.C)

 

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Em 868 d.C, uma nova era começou para o Egito, com a chegada em Al Fustat, capital do Egito, de Ahmad ibn Tulun, como governador, em nome de seu padrasto, Bayakbah, um tesoureiro em Bagdá, a quem o Califa Al Mutazz havia concedido o Egito como uma espécie de  feudo. Ahmad ibn Tulun inaugurou a autonomia do Egito e, com a sucessão de seu filho,Khumarawayh, no poder, estabeleceu o princípio de localidade, baseado no governo hereditário. A autonomia beneficiou enormente o Egito, porque a dinastia local suspendeu, ou reduziu os repasses de receita que o país mandava para Bagdá. O estado tulunida terminou em 905 d.C, quando as tropas imperiais entraram em Al Fustat. Pelos próximos trinta anos, o Egito ficaria sob o controle direto do governo central em Bagdá.

A próxima dinastia autônoma no Egito, os ikhshididas, foi fundada por Mohammad ibn Tughj, que chegou como governador, no ano de 935 d.C. O nome da dinastia originou-se do título de Ikhshid, dado pelo califa a Tughj. A dinastia permaneceu no poder até a conquista fatimida, no ano de 969 d.C.

Os tulinidas e os ikhshididas levaram ao Egito paz e prosperidade, implantando políticas agrárias sábias que aumentaram os rendimentos, eliminando os abusos de impostos e reformando a administração. Nem os tulinidas nem os ikhshididas   procuraram retirar o Egito do controle do império islâmico, chefiado pelo califa de Bagdá. Ahmad ibn Tulun e seus sucessores eram muçulmanos sunitas ortodoxos, leais ao princípio da unidade islâmica. A proposta era buscar um principado hereditário e autônomo, sob a autoridade de um califado central enfraquecido.

Os fatimidas, a dinastia seguinte a governar o Egito, diferentemente dos tulinidas e ikhshididas, não queriam autonomia e sim a   independência de Bagdá. Além disso, como líderes do  movimento xiita ismailia (*), eles também desafiaram os abássidas sunitas, na luta pelo próprio califado. O nome da dinastia deriva-se de Fátima, a filha do Profeta Mohammad, que era casada com 'Ali, o quarto califa e fundador do Islam Xiíta. O líder do movimento, que primeiro estabeleceu a dinastia na Tunísia, em 906 d.C, dizia-se descendente direto de Fátima.

Sob os fatimidas, o Egito tornou-se o centro de um vasto império, e que, em seu apogeu, compreendia a África do Norte, a Sicília, a Palestina, a Síria, a costa africana do mar Vermelho, o Iêmen e Hijaz, na Arábia, incluindo as cidades santas de Meca e Medina. O controle das cidades sagradas conferiu um enorme prestígio para a soberania muçulmana, e o poder para administrar a peregrinação anual a Meca foi usado em seu próprio benefício. O Cairo era sede do califado  xiita, e o califa também era o chefe da religião, assim como da soberania do império. Os fatimidas fundaram a universidade de Al Azhar, no Cairo, que passou a ser um centro intelectual, onde  sábios e professores elaboravam doutrinas da fé xiita.

O primeiro século do governo fatimida é o ponto alto do Egito medieval. A administração foi reorganizada e expandida e funcionava com admirável eficiência: as taxas do campo foram abolidas e a probidade e regularidade na contribuição e coleta de impostos foram reforçadas. Os ganhos do Egito foram elevados e até aumentados por causa dos tributos das províncias. Este período foi também uma época de grande expansão na produção comercial e industrial. Os fatimidas fomentaram a agricultura e a indústria e desenvolveram um importante comércio exterior. Os fatimidas perceberam a importância do comércio para a prosperidade do Egito e, por extensão, para a sua influência na região, e desenvolveram uma ampla rede de relações comerciais, notadamente com a Europa e Índia, duas áreas com as quais o Egito não tinha tido contato anteriormente.

Os navios egípcios navegavam para a Sicília e Espanha. A armada egípcia controlava o Mediterrâneo oriental e os fatimidas estabeleceram relações  muito próximas com as cidades-estado italianas, principalmente Amalfi e Pisa. Os dois grandes portos de Alexandria, no Egito e Tripoli (Líbano), tornaram-se centros do comércio mundial. No leste, os fatimidas pouco a pouco estenderam sua soberania aos portos e saídas do Mar Vermelho para o comércio com a Índia e o sudeste asiático e tentaram conquistar a influência do litoral do oceano Índico. Nos territórios fora do alcance dos fatimidas, os missionários ismailias e os mercadores egípcios seguiram lado a lado.

No final, contudo, a tentativa fatimida de poder mundial fracassou. Um império enfraquecido e encolhido não foi capaz de resistir  aos cruzados, que em julho de 1099, ocuparam Jerusalém, após um cerco de cinco semanas.

Os cruzados foram empurrados de Jerusalém e da maior parte da Palestina, pelo grande general curdo, Salah ad Din ibn Ayyub, conhecido no Ocidente como Saladino. Saladino chegou ao Egito em 1168 d.C, como integrante da equipe de seu tio, o general curdo Shirkuh, que se tornou o vizir, ou ministro, do último califa fatimida. Depois da morte de seu tio, Saladino se tornou o senhor do Egito. A dinastia que ele fundou, aiúbida, governou o até 1260 d.C.

Saladino aboliu o califado fatimida, que naquela época já não mais representava uma força em termos religiosos e devolveu o Egito à ortodoxia sunita. Ele restaurou e estreitou os laços com o Islam oriental  e devolveu o Egito ao domínios representados pelo califado abássida em Bagdá. Ao mesmo tempo, o Egito abriu-se para as novas mudanças sociais e os movimentos intelectuais que estavam surgindo no Oriente. Saladino apresentou ao Egito a madrasah, uma mesquita-escola, que era o coração intelectual do renascimento religioso sunita. Até Al Azhar, fundada pelos fatimidas, tornou-se o centro da ortodoxia islâmica.

 

Mesquita de Al-Azhar, no Cairo, construída pela dinastia fatimida em 970.

Em 1193, Saladino morreu em Damasco. Após sua morte, seus domínios fragmentaram-se em dinastias fracas, controladas por membros de sua família, os aiúbidas. Dentro desse império, os sultões aiúbidas do Egito representavam o máximo, por causa do controle que tinham de um  território bem definido, que lhes dava uma base de poder segura. Economicamente, o período aiúbida foi de crescimento e prosperidade. Mercadores  italianos, franceses e catalães operavam com os portos sob controle aiúbida. Os produtos egípcios, incluindo a pedra-ume, que tinha uma grande demanda, eram exportados para a Europa. O Egito também aproveitou-se do tráfego comercial com o Oriente. Da mesma forma que os fatimidas, Saladino manteve o Iêmen sob seu controle, assegurando, assim, uma importante vantagem estratégica e comercial sobre a região do mar Vermelho.

Culturalmente, o período aiúbida foi um de maior atividade. O Egito tornou-se um centro de erudição e literatura árabes, e, juntamente com a Síria, adquiriu uma primazia cultural que se conservou até o período moderno. A prosperidade das cidades, o patrocínio dos príncipes aiúbidas e o renascimento sunita transformou o período aiúbida  num ponto cultural elevado na história egípcia e dos árabes.

 


(*) Ismailia - uma facção do xiísmo, que teve seu nome derivado do Imam Mohammad ibn Ismail, o Sétimo Imam. A doutrina ismailia  observava a shari'ah, mas também incluia um sistema de filosofia e ciência coordenados com a religião, que provava a origem divina do imamato e os direitos do fatimidas a ele. Ubaid Allah, al Mahdi, o fundador da dinastia fatimida, veio do norte da África no início do século X e promoveu ativamente a fé ismailia.


 

 

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