Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso
O quarto C'Alifa, ''Ali - 634
d.C a 644 d.C
"Você ('Ali) é meu irmão neste mundo e no outro." (hadice)
A eleição de 'Ali
Depois do morte de Osman, o cargo de califa ficou vago por dois ou três dias. Muitas pessoas insistiam em que 'Ali deveria assumir a função, mas ele se sentia perturbado pelo fato de que as pessoas que o estavam pressionando eram os revoltosos e, por isso, ele se recusou de início. Quando os companheiros do Profeta insistiram com ele para que aceitasse, acabou concordando.
A vida de 'Ali
'Ali era primo do Profeta. Mais do que isso, ele havia sido criado na casa do Profeta. Mais tarde, casou-se com Fátima, a filha mais nova do Profeta, e permaneceu próximo a ele por cerca de trinta anos.
'Ali tinha dez anos quando a mensagem chegou até Mohammad. Uma noite ele viu o Profeta e sua esposa Khadija, se curvando e prostrando. Ele perguntou ao Profeta o que significava aquilo e o Profeta lhe disse que estavam rezando a Deus e que ele poderia também aceitar o Islam. 'Ali respondeu que gostaria de primeiro perguntar a seu pai a respeito. Ele passou uma noite sem dormir e na manhã seguinte dirigiu-se ao Profeta e disse "Quando Deus me criou ele não consultou meu pai, portanto, porque deveria consultá-lo para servir a Deus?" e aceitou a verdade da mensagem de Mohammad. Quando a ordem divina chegou "E admoesta os teus parentes mais próximos" (26:214), Mohammad convidou seus parentes para uma refeição. Quando terminou, dirigiu-se a eles e perguntou "Quem se juntará a mim pela causa de Deus?" Por um instante, houve um silêncio completo e então 'Ali se levantou. "Sou o mais jovem de todos os presentes aqui, meus olhos me incomodam porque estão inflamados e minhas pernas são finas e fracas, mas juntar-me-ei a ti e te ajudarei no que eu puder." Os presentes riram zombeteiramente. Mas, durante as difíceis guerras em Meca, 'Ali permaneceu fiel às suas palavras e enfrentou todas as dificuldades a que foram submetidos os muçulmanos. Quando os coraixitas planejaram matar o Profeta, foi a 'Ali que encontraram dormindo na cama do Profeta. Foi a ele que o Profeta, ao deixar Meca, confiou os valores que estavam sob sua custódia para serem devolvidos a seus legítimos donos.
'Ali lutou em todas as batalhas no início do Islam com grande distinção, especialmente na expedição a Khaybar. Diz-se que na Batalha de Uhud ele recebeu mais de dezesseis ferimentos.
O Profeta tinha muito carinho por ele e o chamava por diversos nomes afetuosos. Certa vez o Profeta o encontrou dormindo na poeira. Ele escovou as roupas de 'Ali e disse carinhosamente "levante-se Abu Turab (pai do pó)." Também tinha o título de Asadullah, o leão de Deus.
A humildade, austeridade, piedade, profundo conhecimento do Alcorão e toda a sua sagacidade lhe deram grande distinção entre os companheiros do Profeta. Abu Bakr, Omar e Osman costumavam consultá-lo frequentemente durante seus califados. Muitas vezes Omar o indicava como o vice-gerente de Medina quando se ausentava da cidade. 'Ali também foi um grande exegeta da literatura árabe e pioneiro no campo da gramática e da retórica. Seus discursos, sermões e cartas serviram por gerações como modelo de expressão literária. Apesar dessa personalidade versátil, permaneceu um homem modesto e humilde.
'Ali e seus familiares viveram uma vida extremamente simples e austera. Algumas vezes passavam fome por causa da generosidade de 'Ali e ninguém que pedisse por socorro ficava de mãos vazias. E não mudou, mesmo quando se tornou o governante de um vasto domínio.
O califado de 'Ali
Conforme citado antes, 'Ali aceitou o califado muito relutantemente. A morte de Osman e
os eventos ao redor eram um sintoma e também se tornaram causa de conflitos civis em
grande escala. 'Ali sentia que a trágica situação devia-se, principalmente, a
governadores ineptos. Assim, ele demitiu todos os governadores que tinham sido indicados
por Osman e indicou novos. Todos, com exceção de
Muawiya,
o governador da Síria, se submeteram às suas ordens. Muawiya se esquivou de obedecer
até que o sangue de Osman fosse vingado. A viúva do Profeta, Aisha, também tomou a
posição de que 'Ali primeiro deveria punir os assassinos. Devido às condições
caóticas durante os últimos dias de Osmam, era muito difícil descobrir os assassinos e
'Ali se recusou a punir qualquer um que não fosse comprovadamente culpado. Então,
aconteceu a batalha entre o exército de 'Ali e os defensores de Aisha
(Batalha do Camelo). Aisha mais
tarde perceberia seu erro de julgamento e nunca se perdoou por isso.
A situação em Hijaz (a parte da Arábia onde Meca e Medina se situam) tornou-se tão
problemática que 'Ali mudou a capital para o Iraque. Muawiya, agora abertamente contra
'Ali, enfrentou os exército de 'Ali. A batalha não teve um fim e 'Ali teve que aceitar o
governo "de fato" de Muawiya na Síria.
No entanto, ainda que o califado de 'Ali estivesse envolvido em conflitos civis, ele conseguiu introduzir uma série de reformas, particularmente na cobrança e arrecadação de receitas.
Corria o ano 40 da Hégira. Um grupo de
fanáticos, chamado carijitas, que tinha rompido com
'Ali devido a seu acordo com Muawiya, reivindicava que nem 'Ali, o Califa, nem Muawiya, o
governante da Síria, nem Amr bin al-Aas, o governante do Egito, eram merecedores do
governo. Na verdade, eles chegaram ao ponto de dizer que o verdadeiro califado tinha
chegado ao fim com Omar e que os muçulmanos deveriam viver sem qualquer governante exceto
Deus. Juraram matar os três governantes e enviaram matadores nas três direções.
Os que tinham sido indicados para matar Muawiya e Amr não conseguiram o seu intento,
foram capturados e executados, mas Ibn-e-Muljim, o assassino encarregado de matar 'Ali,
conseguiu cumprir sua tarefa. Uma manhã, quando 'Ali estava orando na mesquita,
Ibn-e-Muljim golpeou-o com uma espada envenenada. No vigésimo dia do mês de Ramadan,
'Ali morreu.
Depois de 'Ali, Muawiya assumiu o califado, que, a partir de então, passou a ser hereditário.
Fonte:
National Muslim Student Association - USA e
Canadá
http://www.unn.ac.uk/societies/islamic/about/caliph/first4.htm