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Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

 

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BATALHA DE SIFFIN E O PROCESSO DE ARBITRAGEM

 

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O líder dos omíadas, Muawiyah, continuava descontente. Ele achava que antes de qualquer ato por parte de 'Ali, o califa eleito para substituir Osman, tinha que ser feita uma investigação para se apurar os fatos. Após a Batalha do Camelo, que havia sido vencida por 'Ali, Muawiyah começava a perceber que os cidadãos de Medina dificilmente conseguiriam destituir 'Ali. Agora Muwaiyah era um homem poderoso, governava a Síria, tinha o seu próprio exército e era o chefe da Casa Omíada. Muayiyah começou a exigir vingança pela morte de Osman. Ele dizia que a desforra se fazia necessária não por Osman pertencer ao clã dos omíadas, mas porque ele era um mártir inocente e o seu sangue gritava por vingança.

Muawiyah, na busca de apoio,  mostrou a camisa de Osman manchada de sangue para   o povo. Muitas pessoas em  Medina achavam que era o ressurgimento da velha rivalidade entre  os omíadas e os hashimitas, mas se sentiam impotentes para fazer qualquer coisa. Logo Muawiyah se sentiu forte o suficiente para enfrentar 'Ali. Mandou seu exército na direção leste enquanto 'Ali foi com suas tropas na direção norte. Os dois exércitos se encontraram em Siffin, que fica na região nordeste da Síria. Muawiyah tinha um exército forte mas 'Ali era um comandante mais experimentado. Assim que se encontraram, Muawiyah percebeu que não conseguiria vencer 'Ali tão facilmente e imaginou um estratagema. Ordenou que seus soldados amarrassem o Alcorão em suas lanças  e  as levantassem no ar, e eles assim o fizeram. 'Ali quando viu aquilo disse aos seus homens que se   tratava de uma artimanha, mas eles não quiseram lutar  contra aqueles que seguravam o Alcorão e a luta cessou.

A ARBITRAGEM

Muawiyah, então, propôs uma arbitragem: ele e 'Ali escolheriam cada um, uma pessoa encarregada de decidir a questão. 'Ali concordou porque não queria mais derramamento de sangue, mas diversos de seus soldados não ficaram satisfeitos. Eles argumentaram  que uma vez que 'Ali estava  certo não havia motivo para que a questão  fosse decidida por quem quer que seja. Esses soldados pertenciam ao partido dos puritanos (carijitas), e queriam viver de acordo com uma interpretação literal da palavra de Deus. Por esse motivo, achavam que a arbitragem pertencia a   Deus, e que se  'Ali aceitasse estaria cometendo um grande erro e que eles não mais o apoiariam. Outros disseram que se 'Ali aceitasse a arbitragem ele iria perder todo o prestígio, porque estaria se nivelando a Muawiyah, que era um subordinado seu e agora um rebelde, uma vez que tinha se levantado contra o  Califa.   Parecia a eles  que 'Ali tinha aceitado o fato de Muawiyah ter uma causa, quando não verdade não tinha nenhuma. O que foi pior, 'Ali fez uma escolha ruim. Muawiyah escolheu um amigo seu, Amr ibn al-As e 'Ali uma pessoa neutra, Musa-al-Ashari. Musa, embora um conhecido companheiro  do Profeta, não era um grande amigo de 'Ali.

Mas o fato é que Abu Musa só participava de lutas contra os exércitos dos mushrikin, daqueles que tentavam se opor à religião e apagar a luz da fé. Quando a discórdia irrompeu entre os muçulmanos, ele quis assumir  uma posição neutra. Esta foi a sua posição no conflito que se estabeleceu entre 'Ali e Muawyiah.  Por causa desse conflito e por causa de seu papel como árbitro que Abu Musa é mais conhecido.

Quando 'Ali aceitou a arbitragem,  ele quis, inicialmente, que Abdullah ibn Abbas o representasse, mas boa parte de seus seguidores insistiram em que fosse Abu Musa. A razão para essa escolha estava no fato de que, desde o início, Abu Musa tinha mantido uma posição de neutralidade na disputa. 'Ali não duvidava da sinceridade e devoção de Abu Musa.  Mas ele conhecia a astúcia do outro lado e que provavelmente eles se sairiam com algum estratagema e traição. Ele também sabia que Abu Musa, apesar de seu espírito compreensivo, não suportava fraudes e conspirações, e sempre lidava com as pessoas na base da confiança e honestidade, e não através de artimanhas. Portanto, 'Ali temia que Abu Musa pudesse ser iludido pelos outros e que a arbitragem terminasse com a vitória da astúcia contra a honestidade e que a situação ficasse pior do que já estava.

O resultado foi que os arbitrantes tomaram uma decisão curiosa: anunciaram que tanto Muawiyah quando 'Ali deveriam renunciar. Esta decisão representou  uma  condenação para 'Ali porque Muawiyah era um subordinado seu e havia se rebelado contra o Califa e, como tal, não poderia mais continuar em seu cargo. Assim, o  veredicto foi, na verdade, contra 'Ali e, por isso, ele não   aceitou, assim como Muawiyah também não. Ambos exércitos se retiraram e a situação   continuou a mesma. A perda de 'Ali, contudo, foi dupla, porque Amr ibn al-As passou a aceitar abertamente Muawiyah como o Califa de fato.

 

Fonte:

"A Short History of Islam" - S.F.Mahmud

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