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Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

 

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O terceiro Califa, Osman - 634 d.C a 644 d.C

 

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"Todo Profeta tem um auxiliar e o meu será Osman" (hadice)



A eleição de Osman

Antes de morrer em decorrência das punhaladas, as pessoas perguntaram a Omar quem ele indicava como seu sucessor. Omar indicou um comitê composto por 6 dos dez companheiros que o Profeta tinha dito "Eles são as pessoas do Céu" - Ali, Osman, Abdul Rahman, Sa'ad, Az-Zubair e Talha - para escolher o próximo califa dentre eles. Ele também esboçou os procedimentos a serem adotados no caso de surgir qualquer divergência de opinião. Abdul Rahman retirou seu nome mas foi autorizado pelo comitê a nomear o Califa. Depois de dois dias de discussão entre os candidatos e após ouvida a opinião dos muçulmanos de Medina, verificou-se o empate entre Osman e Ali. Abdul Rahman veio até a mesquita junto com outros muçulmanos e após um breve discurso e jurou fidelidade a Osman. Todos os presentes fizeram o mesmo e Osman se tornou o terceiro Califa do Islam.

A vida de Osman

Osman nasceu sete anos depois do Profeta. Ele pertencia ao ramo omíada da tribo coraixita. Aprendeu a ler e a escrever  muito cedo e jovem tornou-se um mercador de sucesso. Ele e Abu Bakr eram amigos íntimos e foi Abu Bakr quem o trouxe para o Islam, quando ele estava com 34 anos. Alguns anos mais tarde, casou-se com a segunda filha do Profeta, Ruqayya. Apesar de sua riqueza e posição, seus parentes submeteram-no à tortura por causa de sua conversão ao Islam, o que o forçou a migrar para a Abissínia. Mais tarde ele voltou a Meca, mas logo migra para Medina com outros muçulmanos. Em Medina seus negócios começaram a florescer de novo e ele retomou sua antiga prosperidade. A generosidade de Osman não tinha limites. Em várias ocasiões usou de seus bens em prol do bem-estar dos muçulmanos e para equipar os exércitos muçulmanos. Por isso  passou a ser conhecido com "Ghani", isto é, "Generoso".

Um pouco antes da Batalha de Badr, sua esposa, Ruqayya, ficou doente e, por causa disso, o Profeta (SAW) o isentou de participar da luta. A doença de Ruqayya foi fatal, deixando Osman profundamente mortificado. Mais tarde casou-se com uma outra filha do Profeta, Kulthum. Por causa do privilégio de ter-se casado com duas filhas do Profeta, Osman passou a ser conhecido como "o possuidor de duas luzes".

Osman participou das batalhas de Uhud e de Trench. Após o confronto de Trench, o Profeta   determinou que fosse feita a peregrinação a Meca e mandou Osman como seu emissário aos coraixitas, quando ele foi detido. O episódio terminou com o tratado com o povo de Meca, conhecido como o Tratado de Hudaibiya.

A descrição que temos de Osman é a de um homem modesto, honesto, suave, generoso e muito gentil, que se destacava principalmente por sua modéstia. Muitas vezes passava as noites em oração, jejuava todo segundo ou terceiro dia da semana, todo ano fazia o hajj (peregrinação) e cuidava dos necessitados de toda a comunidade. Apesar de sua fortuna, ele vivia muito simplesmente e dormia sobre a areia do pátio da mesquita do Profeta. Osman sabia o Alcorão de cor e conhecia o contexto e as circunstâncias relacionados a cada versículo.

O califado de Osman

Durante o governo de Osman, as características dos califados de Abu Bakr e de Omar - justiça imparcial para todos, políticas humanas e amenas, empenho no caminho de Deus e expansão do Islam - continuaram. Os domínios de Osman se estenderam ao Marrocos, Afeganistão e ao norte da Armênia e Azerbaijão. Durante seu califado, a marinha foi organizada, as divisões administrativas do estado foram revisadas e muitos projetos públicos foram completados. Osman enviou os mais proeminentes companheiros do Profeta  com delegados a várias províncias para verificar a conduta dos oficiais e as condições do povo.

A sua mais notável contribuição para a religião islâmica foi a compilação de um texto completo do Alcorão. Muitas cópias foram feitas desse texto e distribuídas por todo o mundo muçulmano.

Osman governou por doze anos. Os primeiros seis anos foram marcados por uma paz e tranquilidade internas, mas, na segunda metade de seu califado houve uma rebelião. Os judeus e os magians, aproveitando-se da insatisfação entre as pessoas, começaram a conspirar contra Osman, angariando tanta simpatia que ficou difícil distinguir os amigos dos inimigos. 

Pode parecer surpreendente que um governante de tão vastos territórios, cujos exércitos eram sem igual, fosse incapaz de lidar com aqueles rebeldes. Se Osman tivesse desejado, a rebelião poderia ter sido esmagada logo no seu início. Mas ele relutou em ser o primeiro a derramar o sangue de muçulmanos, ainda que revoltosos, mas muçulmanos. Ele preferiu persuadi-los com gentileza e generosidade. Ele bem se lembrava do Profeta  dizer "uma vez que a espada seja desembainhada entre meus seguidores, ela não será embainhada até o Último Dia."

Os rebeldes pediram a sua renúncia e alguns dos companheiros o aconselharam nesse sentido. Certamente que ele teria seguido esse conselho, mas estava preso a um compromisso solene com o Profeta. "Talvez Deus o vestirá com uma camisa, Osman" disse-lhe certa vez o Profeta, "e se as pessoas quiserem tirá-la não permita."  Um dia, quando sua casa estava cercada pelos revoltosos, Osman disse a um simpatizante do movimento, "O Mensageiro de Deus fez um acordo comigo e eu mostrarei firmeza".

Após um longo cerco, os rebeldes entraram na casa de Osman e o assassinaram. Quando a primeira espada atravessou seu corpo ele estava recitando o versículo

"...Deus ser-vos-á suficiente contra eles e Ele é o Oniouvinte, o Sapientíssimo." (2:137)

Osman morreu na tarde de uma sexta-feira, aos oitenta e quatro anos. O poder dos rebeldes era tão grande que seu corpo permaneceu insepulto até a noite de sábado, quando foi enterrado com suas roupas sujas de sangue, a mortalha que convém a todos os mártires da causa de Deus.

 

Fontes

"A Idade Média - Proeminência das civilizações orientais" - Edouard Perroy

"A Short History of Islam" - S.F.Mahmud

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