Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso
A TRAGÉDIA DE KERBALA
Os xiitas representam uma pequena parte da população muçulmana que hoje controla o Irã. Originariamente viviam em Kufa, atual Iraque, e se recusaram a ser governados por Muawiya, da Síria. Eles defendiam que o governo devia ser exercido por alguém da família do Profeta, no caso 'Ali, genro e sobrinho de Mohammad, e cujo poder havia sido usurpado. Iniciaram, então, um movimento dentro da comunidade islâmica. Em 680 d.C, a revolta xiita foi violentamente reprimida na batalha de Kerbala. Os membros da família de 'Ali foram mortos de uma forma brutal. Esta batalha tornou-se um evento importante na história xiita e transformou o martírio uma parte de sua religião.
Mohammad, o Profeta da religião muçulmana, foi substituído depois de sua morte por Abu Bakr, Omar e Osman. Esses líderes eram mais velhos, porém menos próximos do que 'Ali, genro, primo e irmão adotado de Mohammad. Por causa disso, um pequeno grupo de muçulmanos achava que 'Ali devia assumir o califado depois da morte do Profeta e não outras pessoas. Quando Osman morreu, 'Ali tornou-se califa. 'Ali tinha se casado com Fátima, a filha do Profeta, e tinha dois filhos, Hassan e Husain. O mais velho, Hassan, substituiu 'Ali, mas deixou o poder político do califado para Muawiya, o poderoso governante da Síria, conservando, no entanto, a liderança religiosa do mundo muçulmano. De acordo com a tradição, Hassan foi envenenado por sua esposa por ordem de Muawiya. Seu irmão mais novo, Husain, o substituiu. Depois de 10 anos, Muawiya morreu e deixou seu filho Yazid como califa.
Yazid era conhecido por seus hábitos mundanos e por não seguir a lei muçulmana. Em razão disso, os habitantes de Kufa preferiam ter Husain como Imam (líder religioso). Se isso acontecesse, a cidade se tornaria independente de Yazid. Husain decidiu deixar Meca onde ele tinha vivido, para atender Kufa, muito embora alguns de seus conselheiros lhe dissessem para não ir, uma vez que ele não tinha um grande exército. Husain preferiu restabelecer a liderança religiosa e partiu com 50 homens armados, mulheres e crianças de sua família.
Quando Husain estava a caminho de Kufa, Yazid se antecipou e
colocou um governante de sua confiança em Kufa, para acabar com a possível rebelião.
Este governador executou alguns seguidores de Husain e enviou Al-Hurr, um jovem líder
militar, com 1.000 homens, para impedir que Husain se aproximasse da cidadde. Husain
respondeu a Al-Hurr, mostrando as cartas que tinha recebido dos habitantes de Kufa.
Então, Husain levou todo o grupo para rezar. Ele concordou com a ordem de voltar e
começou a viajar em direção às planícies de Kerbala. O exército de Al-Hurr seguiu
Husain e foi se juntar ao grupo dele, onde permaneceu durante a batalha. No dia seguinte,
4.000 homens chefiados por Ibn Sa'd apareceram com o objetivo de fazer Husain jurar
fidelidade a Yazid antes de permitir que ele retornasse a Meca. Husain pediu a sua
família e aos amigos que o acompanhavam que fossem embora, mas eles permaneceram. Husain,
então, disse a Ibn Sa'd que ele queria ir para a Arábia e que não causaria problemas.
Mas, havia sido prometido a Ibn Sa'd um cargo melhor se ele conseguisse a rendição de
Husain. Como Husain não quisesse se submeter a Yazid, ele foi atacado e morto pelo
exército de Ibn Sa'd. As mulheres e crianças foram aprisionados e as
cabeças dos homens foram espetadas em lanças e expostas em Kufa. A cabeça de Husain
finalmente foi mandada para Yazid em Damasco.
Os xiitas interpretam as ações de Husain como um sacrifício. Era vital para ele, como
Imam e líder religioso, deixar-se ser maltratado, a fim de provar a afirmação de que
qualquer governante que governasse com a força militar ao invés da autoridade de Deus
era um tirano. Este acontecimento até hoje é celebrado pelos xiitas.