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Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

 

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CONQUISTA DE MADAIN

 

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Os árabes que derrubaram o império sassânida, estavam impulsionados  por um nova religião, o Islam. O Profeta Mohammad, membro do clã hashimita da poderosa tribo Coraix, declarou sua missão profética na Arábia em 612 e finalmente, após 10 anos, retornou vitorioso a sua cidade de nascimento, Meca, já agora submetida à nova fé. Um ano após sua morte, a Arábia iniciava a campanha contra os impérios bizantino e sassânida, sob a liderança de Abu Bakr, o primeiro califa.

Abu Bakr derrotou o exército bizantino na cidade de Damasco, em 635d.C, e começou sua conquista do Irã. Em 637, as forças árabes ocupavam a capital sassânida, Ctesifonte (rebatizada de Madain), e em 641/2, derrotavam o exército sassânida em Nahavand. O Irã rendia-se aos invasores. A conquista islâmica foi facilitada pela decadência material e social dos sassânidas. As populações locais tinham pouco a perder e cooperaram com os conquistadores. Além disso, os muçulmanos ofereciam uma relativa tolerância religiosa  e tratamento justo para quem aceitasse o governo islâmico sem resistência. Em 650 d.C, não havia mais qualquer resistência sassânida ao poder dos muçulmanos. As conversões ao Islam, que oferecia certas vantagens a quem aderisse, foram rápidas entre a população urbana e um pouco mais lentas entre os camponeses e os "dihqans". No século IX, a maioria do império persa era muçulmana.

Embora os conquistadores, especialmente os omíadas (os governantes muçulmanos que sucederam  a Mohammad no período 661-750d.C), insistissem na primazia dos árabes entre os muçulmanos, pouco a pouco foi surgindo uma nova comunidade. Os  muçulmanos adotaram o sistema sassânida de cunhagem de moeda e muitas práticas administrativas, como a criação do cargo de vizir, ou ministro, um sistema de controle das receitas e despesas por parte do estado, que se tornou uma característica da administração em territórios muçulmanos. Os últimos califas adotaram o cerimonial  da corte e, por consequência, muitas das armadilhas da monarquia sassânida. Os sassânidas contribuíram significativamente em todos os aspectos do conhecimento islâmico, incluindo filologia, literatura, história, geografia, jurisprudência, filosofia, medicina e nas ciências.

Mas, os árabes mantinham o controle. A nova religião, o Islam, impunha seu próprio sistema de crença,  leis e  costumes. Nas regiões que se submeteram pacificamente ao domínio muçulmano, os proprietários de terras continuaram na posse de seus bens.  Mas as terras  pertencentes à coroa, ou as abandonadas pelos que fugiram, passaram para as mãos do novo estado. Isto incluía o território de Sawad, uma planície de aluvião nas regiões central e sul do Iraque. O árabe tornou-se a língua oficial da corte em 696 d.C, embora   o persa continuasse a ser amplamente falado. No século IX, com o surgimento de dinastias mais iranianas, houve como que um renascimento da língua e  literatura persas, agora enriquecida por vocábulos e escrita  árabes.

Um outro legado da conquista árabe foi o Islam Shiat  (partido), que, ainda que possa ser mais identificado com o Irã, no início não era um movimento religioso iraniano. Ele se originou de árabes muçulmanos, que sustentavam que a liderança da comunidade após a morte de Mohammad deveria pertencer ao genro de Mohammad, 'Ali e a seus descendentes. Este grupo chegou a ser conhecido como xiítat 'Ali, os partidários de 'Ali, ou xiitas, como são conhecidos atualmente. Um outro grupo que  apoiava Muawiya (um concorrente ao califado depois da morte de Osman) desafiou a eleição de 'Ali em 656  d.C. Após o assassínio de 'Ali durante a prece na mesquita de Kufa, em 661d.C, Muawiya foi declarado califa pela maioria da comunidade islâmica. Ele se tornou o primeiro califa da dinastia omíada, que tinha sua capital em Damasco.

O filho mais novo de 'Ali,  Hussain, se recusou a prestar tributo ordenado pelo filho, e sucessor, de Muawiya, Yazid I, e fugiu para Meca, onde passou a liderar a revolta dos xiitas. Em Kerbala, no Iraque, o grupo de Hussain, composto de 200 seguidores entre homens e mulheres, foi derrotado pelas tropas omíadas. A grande concentração dos xiitas, nos primeiros cem anos do Islam estava no sul do Iraque. Somente no século XVI, sob os sefévidas,  é que a maioria iraniana se tornou xiita.

Os abássidas, que haviam derrotado os omíadas em 750 d.C, ainda que fossem solidários com os xiitas iranianos, formavam claramente uma dinastia árabe. Eles se rebelaram em nome dos descendentes do tio de Mohammad, Abbas, e da casa de Hashim, que era um ancestral  tanto dos xiitas como dos abássidas, ou sunitas, e por   isso, o movimento abássida acabou contando com o apoio tanto de sunitas como de xiitas. O exército abássida consistia principalmente de homens de Corassã e era chefiado por um general iraniano, Abu Muslim.

Apesar disso, os abássidas não estimulavam as   aspirações xiitas mais extremadas. Estabeleceram sua capital em Bagdá. Al Mamun, que se apoderou do poder de seu irmão, Amin, e se autoproclamou califa em 811 d.C, tinha a mãe iraniana e com isso uma base de apoio em Corassã. Os abássidas continuaram com a política centralizadora de seus predecessores. Sob seu governo, o mundo islâmico experimentou uma prosperidade cultural,  comercial e econômica, partilhada pelos iranianos.

As dinastias que se seguiram descendiam dos povos nômades, guerreiros de língua turca e que haviam se mudado da Ásia Central para a Transoxiana.Os califas abássidas, no início do século IX,   começaram a recrutar entre esses povos, guerreiros escravos. Pouco tempo depois, o verdadeiro poder dos califas abássidas começava a declinar; finalmente acabaram se dedicando mais aos aspectos religiosos enquando que os verdadeiros governantes passaram a ser os escravos guerreiros. Como o poder dos abássidas se enfraquecia cada vez mais, uma série de dinastias nativas e   independentes se levantou em várias partes do Irã, algumas com considerável influência e poder. Entre as mais importantes estava a dos samânidas, que começou em Bucara e se estendeu da região central do Irã até a Índia. Em 962 d.C,  Alp-tagin, um escravo turco,  conquistou Ghazna  (atual Afganistão) e estabeleceu uma dinastia, a dos Ghaznavidas, que durou até 1186 d.C.

Muitas cidades samânidas foram perdidas para um outro grupo turco, os seljúcidas, um clã dos turcos oghuz, que vivia ao norte do rio Oxus (atual Amu Darya). Seu líder, Tughril Beg, levou seus soldados a lutarem contra os ghaznavidas em Corassã. Ele foi do sul para oeste, conquistando, sem perder as cidades que encontrava em seu caminho. Em 1.055 d.C, o califa de Bagdá deu a Tughril Beg, além de presentes, o título de Rei do Oriente. O sucessor de Tughril Beg, Malik Shah (1072-92), com a importante colaboração de seu brilhante vizir iraniano, Nizam al Mulk, promoveu um renascimento científico e cultural no Irã. Foi criado o observatório, onde  Omar Khayam fez muitos de seus experimentos para um novo calendário, além de escolas religiosas em todas as grandes cidades. Ele trouxe para a capital seljúcida de Bagdá, Abu Hamid Ghazali, um dos maiores teólogos islâmicos, além de outros sábios, estimulando e apoiando o trabalho deles.

 

Fontes

"A Idade Média - Proeminência das  civilizações orientais"  - Edouard Perroy

"O Mundo Islâmico" -Edições Del Prado

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